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segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

A Menina que Roubava Livros

Contrariando algumas sugestões (né, Shi? não adiantou... era esse que eu queria ler...), terminei de ler A Menina que Roubava Livros. Triste, muito triste. A Morte, narradora da estória, definiu bem a tal menina: "uma especialista em ser deixada para trás". Porque é isso que vai acontecendo ao longo da estória. Um a um, todos os que a amam vão partindo. Novas pessoas chegam somente para partir logo depois. A narrativa é bem feita. Como disse, a Morte é quem narra a estória e ela gosta de cores. Logo no começo, ela explica que primeiro ela enxerga as cores e, somente depois, os contornos. Os comentários dela, aqui e ali, descrevendo a cor de uma alma resgatada, ou do céu, ou do horizonte ressaltam ainda mais a sensação de que todo o resto, da paisagem e do mundo, é cinza. Tudo é cinza, tudo é frio. A fome está sempre lá, espreitando. Sempre. Na descrição da eterna sopa rala de ervilha, do menino constantemente esfomeado, das costelas e omoplatas aparentes, das porções cuidadosamente calculadas. O final não traz alívio nem explicação. Somente uma pequena alegria, que de tão pequena comparada às catástrofes e abandonos em sua vida, é quase nula. E o que há para se explicar numa estória já tão explorada? A estória de Liesel, a ladra de livros, é a estória de muitos. É a estória de todos os párias.

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