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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Mudança de endereço

Pessoas!
Mudei de endereço bloguístico. Estou agora no http://cafeduplo.wordpress.com/.
Passa lá. Sempre tem cafezinho fresco. E bolinhos de chuva.

Beijos!
Kelly.

sábado, 3 de novembro de 2012

Revolução de um homem só

Eu já quis mudar o mundo. Eu tinha 15 anos e me achava onipotente e onisciente. Eu sabia o que era O Certo. Eu ia convencer o mundo do que era O Certo. Nós todos faríamos O Certo e o mundo seria um lugar perfeito. Seria A Revolução. Bastava que o mundo me ouvisse. (pausa para rir, rolando no chão e segurando a barriga). Porque nós (eu, mais quem concordava comigo, que eram os "do bem") estaríamos Certos. Era apenas uma questão de bom senso. A oposição, as pessoas más que queriam o status quo, os retrógrados, as figuras de autoridade seriam todos derrotados pelo poder da razão, mesmerizados, seduzidos pelos nossos argumentos incontestáveis. Seria uma revolução, embalada a rock´n roll e regada a coca-cola, nossas únicas concessões ao malvado imperialismo ianque.

Bah, Che!

Felizmente o tempo passa. Felizmente as coisas mudam. Felizmente os hormônios pululantes da adolescência se aquietam e surgem gloriosos a Noção e o Senso de Realidade.
Cresci (figurativamente falando, claro). Entendi finalmente o que era direita e esquerda e constatei assombrada que eu definitivamente não era de esquerda. Não, não, não. Eu creio no liberalismo e no mínimo possível de intervenção estatal. Coisas que, antigamente, me pareciam medidas de proteção, passaram a me parecer paternalismo barato e condescendência. Isso, caros, é direita. Centro-direita, na verdade. Isso é mais ou menos como dormir corintiano e acordar se descobrindo palmeirense. Um pesadelo dentro de outro.

Esquerda. Direita. Ih, peraí.

Meus heróis não morreram de overdose. Eles ganharam o poder. E se tornaram tudo aquilo contra o qual vociferavam. Porque essa gente não fala: vocifera, para mostrar paixão e certeza certa total e absoluta dicumforça.

Sou herói. Atente pra cueca por cima da calça.

Daí, vc pode achar que eu me desiludi, resolvi me alienar e cuidar da minha vidinha pequeno burguesa (para falar "pequeno burguesa" você precisa mastigar as palavras para dar a correta entonação de desprezo; se sobrar saliva na sua boca, essa é uma boa hora para cuspir. Siga este mesmo procedimento para falar "classe média", "autoridade"  e "mídia").

Eu, cuidando da minha vidinha pequeno burquesa. 
Mas não. Não houve desilusão. O que houve foi um clareamento da observação. Uma observação desapaixonada. Percebi que, ao contrário do que sempre tinha acreditado, não foram as revoluções que mudaram o mundo. Isso é ilusão. Isso é tentativa de se endossar a própria crença. O que mudou o mundo foram as pessoas, mudando individualmente e de forma privada, e não seguindo um grande movimento revolucionário maior. A Revolução Industrial transformou os meios de produção. Mas para que ela se fizesse necessária e possível, as pessoas mudaram antes. Antes da Revolução Industriual, antes da Revolução Francesa, as pessoas foram transformando seus pensamentos, dia a dia, silenciosa e sutilmente, enquanto lavavam roupa, cortavam lenha, cuidavam dos filhos. Daí, surgiu um revolucionário qualquer, pegou a onda e fez a fama. Sempre foi assim. Avançamos lentamente, a passo de lesma manca, mas de forma perene e independente. 

Ô Zé, falta muito pra inventarem o fim de semana?
Não levanto bandeiras. Não defendo causas. Não tenho causas. Faço o que acho certo, independente da linha ideológica da coisa. Procuro ajudar quem está do meu lado e acredito que, se cada um fizer isso, não será preciso liderar um movimento para salvar os esquimós albinos ambidestros do noroeste da Finlândia. De preferência, tento ajudar da forma mais imperceptível possível porque detesto barulho.
Acredito no mundo. Acredito que ele funciona de forma absolutamente perfeita. Acredito que desde o início da vida na Terra, civilizações nasceram e morreram porque assim tinha que ser para a evolução. Assim será com nossa civilização e assim será com os esquimós albinos ambidestros do noroeste da Finlândia. Não importa o quanto eu crie, fomente, curta, endosse revoluções, as coisas sempre acontecerão exatamente como devem acontecer.
Oi. Sou o Mundo. Sou perfeito. Para de encher meu saco.

Sou uma pessoa crente. Acredito em Deus, em Jesus, em Buda, em Maomé, em Krishna, em Xangô, em Alá, em Tupã, em Odin, em Ceridwen, em Ganesh, no papai-noel, no coelhinho da Pascoa, na fada do dente, no saci e no boitatá. Acredito em tudo até prova em contrário. Só não acredito em ateus militantes porque tamanho empenho em provar que nada existe, me soa mais como um "por-favor-me-prova-que-eu-to-errado-quero-tanto-acreditar-em-alguma-coisa". Mas, na boa caro ateu, vc tá sozinho nessa: se quiser acreditar em alguma coisa, será por seu próprio mérito pois no que depender de mim, não farei nada para convencê-lo do que quer que seja. Primeiro, que eu acho isso invasivo. Segundo que eu não ganho pra isso. Terceiro que isso é chato pra chuchu.

Gente, pela última vez: sou Atena, nasci adulta e armada da cabeça do meu pai. Qual a dificuldade de vcs?

Procuro acreditar nas pessoas. Isso é um tantinho mais difícil pruma criatura desconfiada como eu, mas faço um esforço enorme pra não ficar achando que todo mundo é idiota e que eu preciso dizer o que elas têm que fazer. Porque ninguém é idiota. Quem faz bobagem, no fundo, no fundo, sabe muito bem o que está fazendo e faz porque quer. Todas as pessoas do mundo são perfeitamente capazes de ler jornais, revistas, ver tv e sites de notícia, sem que eu precise destilar minha sabedoria e mostrar as contradições e manipulações. Todo mundo sabe. Quem é enganado o faz porque quer. Essa foi a observação mais difícil para eu engolir, mas preciso reconhecer que é verdade.
Sou ovelhinha, mas a culpa não é da mídia malvada.


Assim sendo, se o mundo gira direito, do jeito certo, sem que eu precise mandar, e que as pessoas sabem o que estão fazendo sem que eu precise orientá-las e que tudo será como tem que ser, o que me resta fazer?

Pausa para pensar.....

Nossa, tanta coisa. Mudar o mundo não é nada. É molezinha. Difícil, mesmo, é me transformar numa pessoa melhor.Voltar meu olhar julgador pra dentro de mim mesma, reconhecer e entender minhas fraquezas, meus erros, minhas feiúras, AMÁ-LAS e tranformá-las em qualidades. Procurar entender e aceitar meus desafetos, reconhecer neles um espelho que mostra minhas costas. Perdoá-los e amá-los com sinceridade. Facilitar e melhorar a vida das pessoas que me rodeiam. Agir de forma transparente e correta. Domar a ira, sem sufocá-la. Tratar o medo com doses maciças de fé todos os dias. Amar sem dominar. Ser livre, sem esquecer do próximo.

Ás vezes é tudo tão difícil e tão doloroso que quase dá vontade de vestir uma causa qualquer e defendê-la com toda paixão. Mas não me engano. Se quero um mundo melhor, preciso mudar a mim mesma e deixar que cada um mude quando e como quiser.

domingo, 19 de agosto de 2012

Valente - um filme em camadas e o espírito feminino



Contém spoiler!

Amo a Pixar. Amo Toy Story. Amei Valente.
Acho incrível essa capacidade de contar várias histórias em uma só. É mais do que aquela velha constatação de que cada pessoa faz sua própria leitura de um livro ou filme, baseada em seu próprio "repertório" emocional. Antes, é a habilidade de contar histórias diferentes e, assim, tocar todos os públicos. Veja Toy Story 3, por exemplo.
Quando eu estava planejando levar minha filha para vê-lo no cinema, uma amiga me aconselhou a não levá-la. Disse que era muito triste e que ela tinha ficado meio "mexida"  por um bom tempo. Outros amigos disseram ter gostado muito, e que era muito comovente. Já as crianças diziam que era muito divertido e engraçado. E quando enfim consegui assistir o filme, com minha filha, entendi o que aconteceu. Ao final, Isabella tinha curtido o filme, rido bastante e estava muito contente. Eu, estava chorando. Não achei o filme triste, sou do time que achou comovente, mas compreendo minha amiga que viu tristeza.
Toy Story 3 é um filme em camadas. Numa primeira camada, mais superficial, que é "acessada" pelas crianças, é um filme divertido sobre brinquedos em busca de seu dono e que acabam encontrando um novo lar. Numa camada mais profunda, acessada pelos adultos, é um filme sobre obsolescência, velhice, abandono e morte. Assuntos sensíveis e dolorosos, em maior ou menor grau, a todos os adultos.
*
E daí tem Valente.

No geral, o que se fala deste filme é que ele é o primeiro filme da Pixar que tem uma protagonista feminina. Merida, a princesa de cabelos de fogo, é a primeira princesa da Pixar. Merida, é a primeira princesa sem príncipe. E isso é tudo.

Mas, novamente, e felizmente, minha filha e eu assistimos a filmes diferentes. Ela, viu um filme sobre uma princesa corajosa que não quer se casar, faz trapalhadas e acaba tendo que salvar sua família. Eu, vi um filme sobre os meandros da relação entre mãe e filha e sobre a essência selvagem feminina.
A rainha Elinor, mãe de Merida, é a rainha sábia, sensata e culta, que exala autoridade e impõe respeito. Aparentemente foi talhada para ser rainha e está sempre perfeita. Cabelos e roupas em perfeita ordem, a palavra certa nos lábios e a atitude correta sempre. Ela educa Merida para ser como ela: a rainha perfeita. Mas Merida... ela é o completo oposto de Elinor. Impulsiva, expansiva, física, tem espírito livre como um animal selvagem, maravilhosamente personificado em seus lindos cabelos vermelhos como fogo e rebeldes como a dona, cheio de cachos indomáveis.
Elinor educa Merida como ela própria foi educada, para ter o mesmo destino que ela teve. Merida entende que sua mãe quer ela seja como ela. Elinor se recusa a ouvir Merida e a compreender seus motivos. Merida se rebela contra as ordens de Elinor. Elas brigam e Merida pede a uma bruxa que mude sua mãe. Quando a mãe se transforma num urso, Merida vê a bobagem que fez e faz de tudo para salvá-la. Elas se aproximam, entendem enfim o mundo da outra e se salvam mutuamente. Que mulher nunca viveu esta situação com sua mãe ou filha?

Ao mesmo tempo, Elinor e Merida são 2 partes da alma feminina. Percebi isso logo no começo, quando Merida, feliz em seu dia livre, livre das atribuições de princesa, salta sobre seu cavalo em pelo e, correndo pela estrada, vai atirando flechas certeiras em alvos distribuídos pelas árvores. Depois, ela escala uma rocha altíssima, quase vertical e bebe água de uma cachoeira inacessível. Ela é confiante. Ela é destemida. Ela está completamente feliz consigo mesma. Ela é a essência selvagem, o instinto, o ímpeto, a coragem, a liberdade. E me peguei pensando porque esta cena mexeu tanto comigo, me deixou tão empolgada. (Porque me deu saudade de mim mesma).

Elinor, é o bom senso que comanda a vida cotidiana. Quem tem obrigações e compromissos tem muito da Elinor. Elinor sabe quem é e sabe seu papel no mundo e sabe o que tem que fazer e faz. Elinor quer fazer o certo e quer o que é certo. Elinor sente que precisa domar Merida, para ser certa. Que mulher nunca viveu este conflito, entre sua essência selvagem e o que é apropriado?
Não sei como os homens e meninos viram o filme, como o entenderam, ou que tipo de filme viram. Será que tem mais uma camada, masculina?

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

a função do mundo é me irritar

Nada no mundo me irrita mais do que ensebação. Nada. E tenho dito. Vamos? Então vamos. Fiquemos? Então fiquemos. Agora, ficar parado no meio do caminho, nem indo nem voltando, me dá gastura.
Acho que isso vem da minha infância. Vamos a praia. Uhu, praia! Eu ficava na espectativa, contando minutos por dias, semanas. Daí, finalmente, chegava o grande dia. O Dia Da Viagem A Praia. Preparativos, bagagem no carro, eu entrava toda feliz, o carro andava e eu me sentia na estrada enfim. Mas, 100m depois, paravamos no posto para abastecer, calibrar pneus, trocar óleo. AAAAAHHHHH..... detesto posto de gasolina até hoje. Posto de gasolina, pit stops e ensebação.
E em dias como hoje, parece que existe um complô do universo para me irritar. Tudo ao meu redor é uma ensebação só. Todas as pessoas lerdas e desorientadas estão na minha frente, no trânsito e na calçada. Na calçadas, elas formam uma barreira que anda a 5m por hora.
Tudo começou de manhã. Minha filha não queria ir a escola hoje. Insisti, lógico e disse que ir a escola não era uma opção. De pirraça, ela comeu o café da manhã em longos 30 minutos. Escovar os dentes, pentear os cabelos e trocar de roupa, mais 30 minutos. Bronca e castigo logo de manhã, dor de cabeça e culpa. Sou uma bruxa.
Durante o dia, a coisa continua.  Todos os problemas precisam ser explicados em mil detalhes irrelevantes. A internet está lenta a rede idem. A cada enter, uma longa espera. A pouca paciência vazando pelos dedos.
Hora do almoço. Vamos almoçar? Vamos, espera só um pouquinho. Odeio esperar só um pouquinho. Mas enquanto espero, vou chamando os colegas para irmos juntos. Vamos? Quem vai? Ninguém responde. Depois de longa espera, colega A vai ao banheiro para se preparar para almoçar. Quando enfim ele volta, prontinho para ir, colegas B, C e D resolvem finalmente pensar em ir almoçar. Almoçar? Vocês vão almoçar?????? (Nãããããoooooo, de onde vc tirou esta idéia??????). Onde vcs vão? Comer o que? Onde fica? Como funciona? Hum..... acho que vou também..... peraí que vou ao banheiro.... Aaaaaahhhhhhhhhh!!!!!!!! Vontade de largar todo mundo e ir sozinha, sem ensebação!
Chego em casa. Vamos pedir uma pizza? Pode ser, td bem. 30 minutos depois: puxa, a pizza ta demorando né? Puxa, ainda não pedi. Irritação nível dicumforça.
Amanhã, venha logo por favor. Sem ensebação!

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Botiquinho - até o nome é fofo


Eu sou bicho do mato. Gosto de ficar quieta no meu canto. Bem quieta, muda e invisível, de preferência.
Daí que dia desses tive um maravilhosos momentos me-myself-and-I. Eu tinha marcado dentista no fim do dia. Meu marido resolveu levar a criançada para o cinema, jantar fora e comprar presente de aniversário. Enfim, uma super farra só com o papai. Cool, né? Mas daí, quando chego ao estacionamento, lembro que era meu dia de rodízio. Não ia poder ir a dentista. Liguei para minha amiga, desmarcando, rimos da minha cabeça de vento e marcamos outra data. Entrei no carro e bateu uma depressãozinha. Ir pra casa? Sozinha? Ninguém lá....
Cogitei ir ao shopping, a típica praia do paulista, mas que droga ir ao shopping quando não se pode gastar. Fui dirigindo pelas ruas da Chácara Santo Antônio meio a esmo quando tive uma visão, uma epifânia, só faltou eu ouvir um coral de anjos: Botiquinho.
Numa rua meio sossegada e escura, esse lugar com luzes acesas e bastante movimento parecia tão acolhedor, parecia sussurar: venha, tem cervejinha gelada, tem caldo, você gosta, não gosta?
Estacionei na rua mesmo (fácil, fácil). Entrei. Um garçom simpático me indicou uma mesinha tranquila. Nas outras mesas tinha de tudo: um grupo de senhoras mais idosas conversavam animadas, um casal trocava idéias baixinho, pequenos grupos de amigos na calçada riam e fumavam.
E eu, fiz algumas das coisas que mais gosto na vida: bebi uma cervejinha, comi bobagens e li um bom livro. A Stella Artois estava geladíssima, irrepreensível. A porção de bolinhos de bacalhau e a de coxinhas estavam maravilhosas. E ler lá, naquele ambiente gostosinho, sem pressa, sem preocupações estava tão bom....
O cardápio era bem sucinto, com clássicos botequistas. Fiquei com vontade de provar os bolinhos de feijoada e o caldo de feijão. Infelizmente, o estômago é um só e vai ficar pra outro dia. De preferência, logo.

Botiquinho
Rua Capitão Otávio Machado, 447
Santo Amaro São Paulo, 04718-000
(0xx)11 5183-0281



sábado, 2 de junho de 2012

Amor eros, amor Agape

O amor é lindo. O amor tudo pode. O amor é o mais nobre dos sentimentos. Então porque tem tanta gente sofrendo por amor?
*
Vejo pais que pensam em seus filhos como se pertencessem a eles, imputam a eles expectativas, impõem pontos de vista, proibem, cerceiam, impedem. Todos sofrem. O filho, que se sente sufocado, os pais que vivem frustrados.
Um dia, o filho se cansa e sai de casa magoado, e os pais se queixam da ingratidão. Todos sofrem de novo. O filho, que se sente culpado e os pais que se sentem abandonados.
*
E por que fazem isso? Por amor.
*
- Vamos tomar um chope?(marcando um happy com o pessoal do trabalho)
- Não sei, vou ver com minha mina.
....
 Momento "não sei o que pensar". Ele vai convidar a namorada pro happy hour do trabalho? Ou vai pedir permissão para ir? Tipo, tudo bem chamar a namorada pro happy do trabalho, acho isso bem legal, só o que soa estranho aos meus ouvidinhos é que parece que a ida do sujeito é condicionada a ida da namorada. Ou seja, se ela não for, ele não vai também. E esse seria um bom momento para conversar com os colegas sobre outra coisa que não seja trabalho, entender melhor as pessoas que convivem com você, criar ou fortalecer relacionamentos de coleguismo.E ele não pode ir sem ela? O que ela acha que vai acontecer lá?
Ou, a outra alternativa: ele vai pedir permissão para ir? Jura????? Pausa para a sensação de vergonha alheia.
E, o que é mais triste: a "mina" não vai ao happy e não autoriza o pobre diabo a ir. Ele obedece, claro. Com o tempo, ele se isola e tudo que existe no mundo dele é "a mina". Daí, o papo dele vai ficando chato e pobre. Como ele sempre obedece, "a mina" sempre sabe o que ele vai fazer. Ele fica cada dia mais desinteressante. Até que "a mina" encontra um outro cara, que fala o que quer e faz o que tem vontade, se apaixona por ele e dá um pé na bunda do outro sujeito. Até estragar o novo sujeito e ir choramingar para as amigas que tem dedo podre e que "homem é tudo igual".
*
As "mina" têm um toque de Midas as avessas.
*
E, novamente, por que isso tudo? Amor.
*
Isso é mesmo amor? Difícil de acreditar, hein!
Peguemos o colecionador de borboletas. Ele caça borboletas. Ele aprisiona as borboletas. Ele sufoca e mata as borboletas. Ele seca as borboletas. Ele prega as borboletas num quadro, fecha com vidro e pendura na parede. Pergunte  ao caçador o motivo dessa barbárie. Ele vai responder que ama borboletas. Imagine se ele odiasse.
*
Existe o amor eros, que é o amor "romântico", o amor de um par, o amor de um pelo outro. Existe o amor ágape que é o "amor de Deus", incondicional, o amor que entende e liberta e que se expande e inclui o mundo inteiro. Eros, limita e condiciona. Ágape, liberta e compreende.
Quando se pensa num casal, pensa-se imediatamente em eros. E será que tem mesmo que ser assim? Um amor entre duas pessoas, um casal, não pode ser ágape? Será que a chegada dos filhos não é uma chamada libertadora, um sinal de que aquele amor eros precisa crescer, abranger, aceitar, integrar, libertar?
*
Por que um casal tem que amar eros? Por que um casal não pode amar ágape?
*
Será que no fundo, no fundo, não foi isso que Jesus queria dizer com "Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei"? Não apenas uma exortação a que todos se amassem, mas a que todos se amassem de forma incondicional e libertadora, e que essa forma de amar regesse todos os tipos de relacionamentos.


domingo, 20 de maio de 2012

Megalomaníaca, eu????

Minhas quintas-feiras são inacreditáveis.
Começam como todos os outros dias. Acordar, levar as crianças a escola, trabalhar, ir pra casa. Daí tudo muda. Quinta-feira a noite vou ver amigas incríveis. Quinta-feira vou ver minha "gurua" (se ela souber que estou chamando-a de gurua é capaz de me dar um cascudo...). Quinta-feira vou aprender mais alguma coisa sobre mim que ainda não sei.
Às vezes é dolorido. É difícil olhar de forma clara e objetiva para os próprios erros e reconhecê-los. Mas, é necessário.
Quinta-feira nosso compromisso é com nós mesmas e com nosso crescimento. E não tem como seguir este compromisso sem verdade.
E já faz algumas semanas, temos falado de libertação. Vivemos uma época em que as regras sociais são frouxas e há uma maior liberdade de ação. Mas mesmo assim, nós criamos nossas próprias amarras. Estruturas mentais, ilusões, regras auto-impostas que nos limitam e aprisionam. Por mais livre que cada um pareça, todos temos nossas amarras. Libertar-nos delas é preciso. E, para isso, reconhecê-las é imprescindível.
Cada uma falou daquilo que identificava como item limitador e da qual precisava se libertar. Quando chegou minha vez, de cara, não soube responder. Pensei, muito, puxei pela memória, voltei até a infância. E percebi que tendo a carregar o mundo nas costas. Sinto-me sempre responsável por tudo. Acho sempre que só eu posso resolver tudo que existe no mundo. Tenho também uma crença interna de que tudo no mundo tende, no fim, a decadência e a melancolia e me rebelo, tentando escapar a esta regra. Aparentemente, descobri enfim porque meus ombros estão sempre tão tensos.
Engraçado é que há algumas semanas, o Fabio afirmou que eu tendia a ser "megalomaníaca". Discordei, claro. Afinal, pra mim, megalomaníaco é aquele que come sardinha e arrota caviar. E eu não sou assim. Mas agora, entendi. Megalomania é "mania de grandeza" e, além da coisa de querer aparentar mais do que aquilo que se é, significa também creditar a si mais poder do que se tem. E, se eu acho que sou a única pessoa que pode resolver tudo e que pode burlar uma lei universal, bem.... megalomaníaca, né?
Bom, e aí? Descobri uma das fontes da minha tensão constante. E agora? Agora, é me lembrar todo dia de que sou só uma pessoa normal, rodeada de pessoas normais e que somos todos perfeitamente capazes de resolver cada qual seus próprios problemas. É me lembrar constantemente de substituir essa crença na inevitabilidade da decadência e da tristeza do fim por outra, mais positiva e realista. Como fazer isso? Fazendo. Exercitando um outro olhar sobre a vida. Vou tentar. Estou tentando.

domingo, 29 de abril de 2012

I am too old for this shit

Eu procuro ser uma pessoa paciente e ver o lado bom das pessoas, mas elas andam me provocando...
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Não sou pessimista: sou realista.
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Se as coisas de repente ficaram mais difíceis é porque vc mudou de fase.  Meu problema é que ando jogando bem demais. Tô fera.
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Gente que não responde ao seu "bom dia". Gente que vai embora e não fala tchau. Gente que vira as costas pra você porque elas (ELAS) pisaram na bola e não têm hombridade de pedir desculpas e agir decentemente. Sinceramente, estou de saco cheio.
*
I am simply too old for this shit.
*
Daí vem minha "gurua" e diz que não se abandona ninguém, por mais babaca que seja. Vem Jesus e diz que devemos dar a outra face. Então, eu entendo a tentação, porque na minha opinião, sentar a mão na orelha é bem mais divertido.
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Um dia serei evoluída, uma alma iluminada e superior, mas isto é o que temos pra hoje.
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Algumas pessoas têm me intrigado de forma inteiramente nova: será que ela tem consciência de que é falsa e egoísta? Será que ele acha que vai ser feliz assim? Será que ela quer ser feliz? Mistérios.
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ai miga, te amo, mooooooorro de saudade de voce, linda, maravilhosa, aaaaaaiiiiiii. Mas não tenho tempo pra conversar com vc e nenhum interesse em saber de sua vida. phodase.
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Falo com ela. Pergunto da vida, das coisas. Tudo bem. Tudo ótimo. Não tá. E eu não posso fazer nada.
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Coisas más acontecendo com gente boa. Sério, Deus? Tem certeza? Sei que o Senhor é onisciente, onipresente e onipotente, mas é que ultimamente a quantidade de injustiças que ando vendo me dão vontade de ser incolor, inodora e insípida.
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E ouvido seletivo, gente???? Que moda é essa de cada um ver e ouvir só o que interessa? Socorro. É um jeito de fugir dos problemas ou é sintoma de emburrecimento coletivo mesmo?
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Um mundo tão grande e cheio de gente às vezes parece tão vazio.
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É, eu sei. Mas vai passar.

terça-feira, 20 de março de 2012

O neo-egoismo. Ou o egoísmo estendido.


Como você definiria uma pessoa egoísta? O dicionário diz que é “adj. e s.m. e s.f. Que ou o que só se preocupa com os seus próprios interesses.”. Ok. Daí você pensa assim: “ufa, eu não sou egoísta, afinal, me preocupo com os interesses de muita gente: meus pais, meu marido, meus filhos, meus amigos”. Anhé?

Pois eu chamaria isso de egoísmo estendido. Preocupar-me com MEUS filhos, MINHA família, sem me importar com o resto do mundo. Opa, mas eu me importo sim! Faço doações para 3 instituições de caridade e recheio sacolinhas de Natal para crianças carentes todo ano. Sou uma pessoa boa!

Sinceramente? Fazer doações e caridades é, muitas vezes, o pagamento de uma taxa de isenção moral. Pago e posso dizer que eu sou uma pessoa boa. Viu, como não sou egoísta? Nem fiz nada disso pensando em mim. Viu?

O que mostra mesmo quem somos é aquilo que fazemos quando ninguém está olhando. Você usa um serviço e, se não for cobrado se finge de morto e não paga? Egoísta. Você se beneficia indevidamente de alguma facilidade, sabendo que outros vão pagar sua parte? Egoísta. Você arranha o carro do seu lado e vai embora, sem deixar um bilhete com seu telefone? Egoísta. Não importa quanto pague para instituições de caridade, ou quantos lindos gestos faz em público, são esses atos ocultos que definem quem você é.

E podemos ser egoístas travestidos de bom samaritanos o quanto quisermos: o fato é que o mundo é um aquário e não tem como a água ser boa só para mim e minha família. Ou ela é boa para todos, ou ela não é boa para ninguém.

O que eu mais quero no mundo é que meus filhos sejam felizes. Simples assim. E, em prol disso, procuro estar presente e atenta, orientar, ensinar limites e paciência, mantê-los em segurança enquanto os estimulo a serem fortes e capazes de cuidar de si mesmos. Tudo o que está ao meu alcance. Mas,e o que não está ao meu alcance? Sim, porque sei que enquanto existir uma criança no mundo que não seja feliz, ou uma família no mundo que esteja sofrendo, algo está errado no mundo inteiro. O que afeta, inclusive, meu mundinhozinho, tão protegido.

Se quero que o futuro dos meus filhos seja realmente feliz, é preciso pensar na felicidade do mundo inteiro. Desejar a felicidade do mundo inteiro. Agir pela felicidade do mundo inteiro. Importar-se com a felicidade e satisfação de todas as pessoas. Das pessoas que vc ama. Das que vc não conhece. Do motoboy pentelho que te deu uma fechada. De todos. Será que dá? Será que podemos fazer um pequeno esforço diário? E será que esse pequeno esforço diário de cada um consegue mudar o mundo inteiro? Será?
*
E este fim de semana, tenho curso de eneagrama. Flechas e asas. Ansiosa pela sexta-feira.

domingo, 11 de março de 2012

meninos e Homens


Nós, mulheres, estamos ótimas. Firmes, fortes e dominando o mundo. Características femininas vem sendo mais e mais valorizadas: é ótimo ser sensível, compreensiva e “cuidadora”. E é ótimo também ser uma mulher com características normalmente associadas ao mundo masculino: firme, decidida, assertiva. Então, seguimos felizes, transitando livremente entre os mundos masculino e feminino, chorando quando dá vontade e saindo na porrada quando necessário. Nem precisamos de um dia internacional, pra falar a verdade, porque, vamos reconhecer, o mundo é nosso.



Quem precisa urgentemente de um dia internacional é o homem. Pobre homem, perdido, infantilizado, dominado pelas mulheres fortes que o rodeiam. Claro que falo aqui de forma muito genérica. Conheço homens equilibrados e em pleno controle de sua vida, mas o fato de serem em número tão reduzido só reforça o fato de serem felizes exceções. No geral, creio que a relação de dominação se inverteu há muito tempo.

Anda difícil ver um homem de verdade por aí. Vejo muitos garotos, alguns perto dos 30, vivendo uma adolescência tardia, com mil inseguranças, sem auto-conhecimento, sem consciência de si, sem noção, sem metas, sem nada, incapazes de cuidar de si mesmos. Vidas vazias, cheias de solidão, buscando uma mulher que lhes dê direcionamento, que substitua suas mães. Claro que não acham. Porque as menininhas que não se incomodam com tanta falta de noção não sabem ser mães. Na melhor das hipóteses, empunham o chicote e os submetem a uma ditadura cor-de-rosa, difícil de identificar e mais difícil ainda de fugir. As mulheres de verdade, que poderiam ajudá-los a encontrar rumo, não querem menininhos inseguros a se esconder atrás de suas saias. Querem homens que cuidem delas.

Pode ser que eu seja só mal acostumada mesmo. Culpa do Fabio. Ele resolve os problemas, encara as situações com clareza, não deixa que eu me preocupe. Quando estou com ele, nunca falo com o garçom, não abro portas, não abro caminho na multidão. Ele o faz. Se conto um problema para ele, ele imediatamente me apresenta algumas possíveis soluções, me dá um banho de realidade e tudo entra nas devidas proporções. É maravilhoso relaxar e poder simplesmente “ser mulherzinha” de vez em quando.
Porém, é preciso dizer, tenho também meus méritos: eu deixo espaço para ele ser quem é. Claro que sei falar com o garçom. Inclusive sei também brigar com o segurança e discutir com o mecânico. Sei xingar tão bem quanto um estivador. Posso abrir portas a pontapés e abrir caminho a cabeçadas. Mas isso tudo cansa tanto, e ele faz tão bem, tão naturamente.

Acho que esta falta de rumo dos homens seja falta de um bom ritual de passagem para a vida adulta. Algo que, lá pelos 15 anos diga “Cara, você não é mais um menino. Agora você é um homem. Aja como um.”. Todas as sociedades primitivas têm um ritual de passagem. Algumas bizarras, muitas dolorosas, todas com o mesmo propósito: botar um ponto final na infância e dar um kick-off na vida adulta. Nossa sociedade moderna não conta com rituais para meninos. As meninas ainda têm um ritual forçado: o corpo mostra que amadureceu. Após a primeira menstruação, não dá pra continuar tratando a mocinha como se fosse menininha. Ela não aceitará mais: o seu corpo já disse que ela pode ser mãe.

Mas os meninos.... saem da infância, entram na adolescência, passam para a vida adulta, sem nenhum indicador, sem nada. Se os pais continuarem a tratá-lo indefinidamente como molequinho, talvez ele nem o sinta. Lembro dos espartanos. Aos 7 anos, os meninos eram mandados para o exército. Eram afastados de suas mães e submetidos a privações e desafios físicos, para moldar e provar seu caráter. Há também uma tribo indígena (não lembro o nome) que afasta o garoto de suas mães aos 7 anos para serem criados pelos homens da tribo. O objetivo é realizar uma imersão no universo masculino e ensinar o garoto a agir como um homem. Após os 20 e tantos anos, o garoto era devolvido para sua mãe e os relatos é de que o relacionamento mãe-filho nessa tribo era muito melhor do que o que se observa em nossa sociedade. O conhecimento de si como homem, tornava o rapaz mais capacitado a ter um relacionamento saudável com sua mãe, com sua esposa e com o resto da tribo.

Tenho um filho. Não quero que ele seja afastado de mim aos 7 anos, isso me parece excessivo e cruel nos dias de hoje. Mas ao mesmo tempo, quero que ele saiba ser homem, conheça a si mesmo, saiba cuidar de si mesmo, que seja independente de mim. Será que quero fazer uma omelete sem quebrar os ovos? Espero que não. Acho que é possível educar um menino, sem sufocá-lo. Prepará-lo para o mundo, para ser ele mesmo, para saber o que quer, para ser decidido. Nem que para isso, eu precise me afastar um pouquinho quando ele fizer 7 anos e ir me afastando aos poucos a medida que ele cresce. Para dar espaço para ele cometer os próprios erros, levar tombos e se aprumar de volta. E quando ele quiser colo, e um beijo no joelho esfolado, vou estar lá, se Deus quiser.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Valentine´s Day

Ontem foi Valentine´s Day. Costumamos comemorar esta data porque nosso aniversário de casamento é muito próximo de 12 de junho. Daí, pra não ficarmos desfalcados em uma data comemorativa, pegamos carona com o hemisfério norte, neste caso... O que é bom, não rola a muvuca que é o dia 12, é quase um dia dos namorados particular....

Bom, daí fui convidada por meu amor para saborear um jantar preparado por ele, que cozinha super bem mas raramente se aventura entre as panelas. Reconheço que a culpa é minha, que gosto de cozinhar e acabei transformando a cozinha em "meus domínios".

Teve um bucatini a putanesco (com "o" mesmo) que estava delicioso, cheio de azeite, azeitons, pistaches, tudo que eu gosto. Olha a foto:


E para sobremesa, providenciei o doce favorito dele: quindim, que cortei em forma de coração.... uóun....


Tá certo que ficou parecendo propaganda da sociedade de cardiologia, mas mesmo assim...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Porque gosto de futebol americano.


Lucas Oil Stadium:gigantesco, coberto, climatizado.

Nunca fui uma pessoa muito esportiva. Sempre passei raspando em educação física. Odeio suar. Sou uma perfeita pata choca sem qualquer noção de espaço. Sou capaz de marcar gol contra e ainda ficar comemorando. Sempre fui uma péssima jogadora: de vôlei, de futebol, de basquete (hahahaha!), de tênis de mesa, de handebol. Ficava sempre por último nas escolhas de time. Conseguia ser escolhida depois do garoto perneta. E as vezes o time preferia jogar com um a menos mesmo.

Então vocês entendem que eu tenha desenvolvido uma certa implicância com esportes no geral. Penso sempre que o esporte em si, é uma coisa boa, mas em mim, não! Nunca entendi a graça de ficar sentada na frente da TV vendo gente correndo atrás de uma bola. Chaaaaaato.

Mas tudo mudou há alguns meses, quando descobri uma inusitada paixão por futebol americano. Paixão mesmo, das brabas. De ficar esperando o domingo pra assistir um jogo.De ficar pensando como vou sobreviver até o início da próxima temporada da NFL. E por que raios eu fui gostar de futebol americano, hein?
Algumas hipóteses:

1. Tem alguma coisa de muito legal em ver um monte de homens se empurrando e se jogando por cima uns dos outros. Litros de testosterona rolando. Não se vê isso todo dia.

2. Tem estratégia, parece uma guerra, só que sem mortes e sem (muito) sangue.

3. Acho que qualquer esporte em que os atletas usem capacete e protetor para os dentes merece respeito. Exceto automobilismo que é um porre de chatice.

4. É um esporte democrático: tem atletas altos e esguios, tem atletas baixinhos (baixinho neste caso é 1,85m, né) e velozes, tem atletas velozes e parrudos, tem atletas grandes e pesados, tem até atletas gordos! Cada um com sua função dentro do time.

5. Quando alguém marca falta é difícil de identificar o que aconteceu. Porque vale quase tudo. Vale agarrar, segurar pela roupa, agarrar as pernas, trombar de frente, abrir caminho a cabeçadas, empurrar, pular em cima. Daí, os caras simplesmente se levantam e saem correndo para continuar jogando. Enquanto isso, no velho soccer, o cara dá um esbarrão no outro e já se joga no chão pra cavar uma falta e fica lá uns 15 minutos caído, rolando, chorando. Eu hein!

6. Uma partida tem vários juízes e eles não se acanham em discutir o que aconteceu. Levam o tempo que acharem necessário. Se um dos técnicos discorda da decisão, o juiz assiste a filmagem para tirar a dúvida e decidir de forma correta.

7. O caminho para entrar no esporte é pela escola. Ser um bom jogador no time do colégio e da faculdade e ter boas notas. Não vou nem me estender neste quesito porque vai dar vontade de chorar. Acho que isso diz muita coisa. Diz pelo menos que o esporte não é conivente com a burrice e a ignorância.

E agora, estou tentando escolher um time pra chamar de meu. Já que não tenho uma hometown team, meus critérios são os mais relevantes: uniforme bonito, jogadores bonitos e nome bacana. Nesta ordem.

No quesito uniforme bonito ninguém bate o San Francisco 49ers. Vermelho e dourado! Que de quebra são as cores da Grifinória. Gosto também do New England Patriots, com seu azul e prata. Mas agora é modinha torcer pra eles por causa da Gisele Bunchen. Então não. Não curto modinha. Ah, e tem o New Orleans Saints, preto e dourado. Chiiiiique.

Já no quesito jogador bonito, é Tom Brady (New England Patriots), não tem pra ninguém. Mas de novo, modinha. Tem o Tim Tebow, do Denver Broncos, quintessência de bom-moço, cristão, virgem e bem intencionado.

Nomes bacanas: Seattle Seahawks, Pittsburgh Steelers, Denver Broncos, San Francisco 49ers e NY Giants.

Mas, analiso e analiso e continuo sem time. Acho que essas coisas são emocionais mesmo. Enquanto isso, continuo assistindo os jogos de forma quase neutra. Como fiz nos playoffs e ontem, no Superbowl.

Eu meio que torci por alguns times, mesmo sem saber o por que. Foi o caso do Baltimore Ravens e do 49ers. E pelo Giants, no Superbowl. Aliás, que espetáculo, o Superbowl. Tudo organizadíssimo, pontualíssimo, com um show do intervalo com a Madonna simplesmente irretocável.

Não foi uma mera final de campeonato. Foi um espetáculo, uma catarse. Pelo menos pra mim, foi. Acho que o primeiro Superbowl ninguém esquece.


sábado, 4 de fevereiro de 2012

Ratatouille: um prato progressivo


Ou, como gostar de legumes.

Eu amo beringelas. É uma das coisas que eu mais gosto de comer. Assada, no vapor, grelhada, frita, em conserva, no babaganuch e até crua. Amo. Abobrinhas, não amo tanto, mas gosto também. Cortadas bem fininho, refogadas com alho e misturadas com ovo batido, servidas sobre arroz com feijão. Comida de marmita, mas adouro!

E gosto particularmente de ratatouille, que pra mim é um prato progressivo. Explico: ele vai se transformando em coisas diferentes ao longo da semana, o que é uma mão na roda. Tudo começa com o ratatouille propriamente dito, que é um ótimo acompanhamento para qualquer carne. No dia seguinte, vc pode comê-lo frio, gelado, quente, morno, como preferir: ele continua muito bom. No outro dia, vc pode colocá-lo sobre uma fatia de pão e ele vai do café da manhã ao jantar neste formato, já que se vc torrar o pão, tem uma bruscheta dos céus. E finalmente, no final da semana, ele praticamente já virou uma sopa (se é que não acabou antes, em casa, ele nunca chega neste estágio, hahaha).

Fazer é fácil e eu ainda simplifiquei o processo, pulando etapas que julguei desnecessárias (sou rebelde). Segue o passo a passo:

Tudo começa com os ingredientes:


Beringela, abobrinha, cebola, pimentão, passas, ervas frescas. No caso, não coloquei pimentão porque não tinha na hora. Mas incluí no dia seguinte.

Daí, é fritar uma cebola cortada em pedacinhos e 2 dentes de alho em bastante azeite honesto.


Este é o melhor cheiro do mundo!

Quando as cebolas estiverem murchas, adicionar as beringelas e abobrinhas cortadas em cubos de 1 cm (mais ou menos, tá. Não precisa levar a régua pra cozinha, pelamor....).



Daí vem a parte fácil: mexer bem por alguns instantes, abaixar o fogo, tampar e deixar por um tempão. Desculpe, mas eu nunca medi o tempo, vejo se tá bom pelo cheiro mesmo. Mas vc pode ir lá xeretar a panela o quanto quiser. Fica bom quando os legumes já soltaram água, estão bem macios, a água apurou, secou um pouco e o que sobrou virou um caldo meio dourado. Assim ó:

Daí, se vc gostar de passas é só jogar um bom punhado por cima. E comer rezando!

Cupcakes e brigadeiros

Dia desses meu telefone toca.

- Oi Kelly, tudo bem?
- Oi, mulher! Tudo joia. E tu?
- Tudo ótimo. Olha, estou começando um negócio. Posso mandar uma amostrinhas no seu apartamento?
- Claro!

E fiquei na expectativa, esperando que o negócio não fosse uma fazenda de criação de insetos para consumo humano, ou uma fábrica de tijolos, ou de adubo orgânico, ou algo do tipo.

Para minha felicidade não era: eram cupcakes e brigadeiros deliciosos. E lindos. Olha só:


Reparou nas embalagens lusho e super glam? Notou o chiquê do lacinho preto? Os brigadeiros, só para sua informação eram trufados, mas se vc preferir ela faz também a versão cremosa, com chocolate de verdade. E a bandida fica me falando essas coisas como se fosse a coisa mais corriqueira do mundo!

Por sorte, em duas semanas eu ia receber meus sogros, cunhados e sobrinhos em casa e queria arranjar uns docinhos legais. Não sou boa doceira, acho que não tenho nem a paciência e nem a delicadeza necessárias. Intonces, procedi a encomenda.

No dia combinado, minha amiga querida veio trazer meus cups, lindos e luxuriantes. Vai vendo:

As crianças piraram. Os adultos curtiram. Eu fiquei tentada assumir a autoria, mas mantive a ética. Alguns comentários dos comensais:

"Como alguém pode fazer uma coisa tão gostosa?" (Isabella).
"Maisi, maisi! Eu queio, queio, queio!" (Roger).
"Tiiiiiiiia, vc que fez????? (Pedro, com olhar de incredulidade).
"Posso pegar mais unzinho?" (Bibi, depois de comer uns 19...).

Super recomendo! Pedidos através de e-mail para bolo_de_copo@hotmail.com .

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Simplesmente Amor

Eu gosto desses filmes que contêm várias histórias, sejam elas interligadas ou não. Acho que é mais desafiante para o diretor prender a atenção com várias pequenas histórias do que com um único grande enredo. E acho que contar várias pequenas histórias é mais simples e despretensioso também.

(Para ver a resenha de outro filme com várias histórias que eu curti, clique aqui, se tiver mais de 18 anos).

E um dos meus filmes favoritos, que contém algumas das minhas cenas favoritas é Simplesmente Amor (Love Actually). Do mesmo diretor de Quatro Casamentos e um Funeral (outro filme que amo), fala sobre.... adivinha.... amor!


As histórias passam-se em Londres, e todas se relacionam de alguma forma. São histórias simples e lindas e só. Nenhuma pirotecnia, nenhum efeito especial, nenhuma reviravolta chocante. Só histórias de amor. Amor romântico, claro. Mas também o amor entre pais e filhos, entre irmãos, o primeiro amor, o amor impossível, o amor rotineiro.

Numa delas, um homem ajuda o enteado a se aproximar de seu primeiro amor, a menina mais legal do colégio. Isso, a custa de muitas aulas de bateria e muito incentivo a coragem do menino. Esta história teve a cena de aeroporto mais legal que eu já vi.

Em outra, uma moça recém casada vai na casa do melhor amigo do marido para pegar a fita com a filmagem do casamento. O amigo filmou a cerimônia e a festa, mas se nega a entregá-la. A moça vai lá, convencida de que o amigo simplesmente se ressente da intromissão dela na amizade dos dois e por isso a está boicotando. Depois de muita insistência, ela acaba roubando a fita e começa a assisti-la. Daí ela percebe que só ela aparece na fita. O amigo era apaixonado por ela desde sempre e acabou dando uma bandeira imensa... Climão. Alguns dias depois, o amigo vai na casa dos dois, dá um jeito de falar só com ela e faz a declaração de amor mais bonita, comovente, triste e inusitada possível.

Na minha favorita, um escritor sofre uma desilusão amorosa e se refugia numa casa no sul da França, para fugir da dor e para tentar finalizar o romance que está escrevendo. Chegando lá, a caseira já havia contratado uma moça que iria lá todos os dias, para cuidar da casa e cozinhar. Só que ela era portuguesa e não falava uma palavra de inglês. Já que o escritor não falava uma palavra de português, passaram ambos alguns dias calados. Mas, estavam tão isolados naquela casa que, meio sem perceber, começaram a conversar entre si, cada um em sua língua. Os diálogos mostravam o quanto eles viam as coisas de maneiras diferentes, mas também o quanto eles tinham em comum. Por exemplo:

- These muffins are delicious. Fortunately, I never gain weight...
- Tu deverias comer menos bolinhos. Já estás a ficar gordinho.

Este episódio tem também o diálogo mais bonito do filme. Todos os dias, ele a levava de carro até a estação de trem. Estavam no carro, ele dirigindo e ele diz:

- This is the best moment of my day: when I am driving, with you by my side.
E ela responde:
- Este é o pior momento do meu dia: quando vou embora e o deixo sozinho.

Uón... não é lindo?

Adoro esse filme, de quando em quando eu assisto de novo, só pra conferir...


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sou um mau exemplo

É o que dizem no trabalho. Que sou um mau exemplo. Motivo: como o que tenho vontade e faço o que tenho vontade. Mas daí, pensando bem, não dá a impressão assim de que eu sou na verdade um ótimo exemplo? rs

Vejam bem, obesidade é doença e foi meu fantasma por muito tempo. Agora, finalmente, me livrei dela. Mas nos meus termos: devagar e sempre. Porque, a essa altura do campeonato eu já acumulei experiência o bastante para saber que dietas restritivas funcionam a curto prazo. O que eu estou tentando conquistar é uma mudança gradual e definitiva. Não vou largar o regime milagroso assim que perder 10 kgs. Ao invés, estou mudando meu jeito de comer para encontrar o meu corpo ideal e este será meu jeito de comer para sempre.

E busco o corpo ideal para mim. O corpo em que me sinta bem, e não o determinado por alguma matemática burra, ou enfiado goela abaixo por um bando de fashionistas misóginos. Por que pra mim, a moça da esquerda, com suas muitas curvas será sempre mil vezes mais bonita do que a da direita com seus ossinhos.



E se vou mudar meu jeito de comer para sempre, não posso fugir do que gosto. Preciso, na verdade, aprender a conviver com os prazeres, sem cometer excessos. E é aí que o povo do trabalho simplesmente não me entende...

Eles não entendem que eu compre chocolate e deixe na mesa. Eles não entendem que eu saia para comer massa, feijoada, churrasco, fast food. Porque para eles essas coisas são sinônimo de pé na jaca. O que ninguém presta atenção é que eu como 1 quadradinho do chocolate por dia. Que eu não limpo o prato: só como o bastante para me satisfazer. A fome e a vontade.

Hoje tentei explicar isso e não consegui. Acho na verdade que nem adianta. O povo está na pegada em que eu me encontrava há uns 15 anos, fazendo dieta da lua, do sol, das estrelas, dos liquidos, dos solidos, dos gasosos, do abacaxi, da sopa, qualquer coisa que me desse o corpo perfeito. Ah, a idade... ela quase sempre enche o saco, mas a experiência que vem com ela compensa.

Graças a experiência, descobri que não quero perfeição. Quero felicidade. Mesmo porque a busca pela perfeição leva aquelas monstruosidades de botox e pernas de He-Man, na obsessão por uma vida sem nenhuma ruga e zero celulite. Não,não quero estas pernas:



Meu rosto hoje não é o mesmo de quando eu tinha 20 anos e ainda bem, ou eu seria ridícula. Hoje tenho marcas. Poucas, mas tenho, e cada uma delas conta uma história. Cada uma delas é prova de que não passei a vida incólume, mergulhada em loção antiidade. Tenho um plano para vida e ele é bem simples: viver.

A vida é curta e deve ser bem vivida. Gosto de viver e gosto de ter prazer. Gosto de comer bem, de ver coisas bonitas, de ouvir coisas agradáveis e de fazer coisas interessantes. O mundo anda bem feio, com pessoas egoístas e solitárias então, onde eu puder cavar um pequeno prazer, sim, vou cavar, vou pegar com minhas duas mãos e vou me deliciar,deixando inclusive o caldinho escorrer pelos cotovelos. Pode ter certeza.

E quando o tempo passar e a Idade chegar, ela vai me encontrar assim, se Deus quiser:

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Pizza e torta de pêssegos

Ontem me baixou a Nigella. Deu vontade de comer pizza. Mas a MINHA pizza.
Pesquisei uma massa fácil. Tinha que ser fácil porque eu não queria criar um embate entre minha gula e minha preguiça. Eu hein!
Fiz e ela ficou assim: deliciosa! Durante este processo, percebi que tinha alguns pêssegos perdidos na minha geladeira, meio murchinhos, meio insossos. Sem pânico: resolvi fazer uma torta. Que ficou assim:

Ói que prendada?

Atualização:
Calma gente, calma...seguem as receitas:

Pizza fácil:

- 1 copo americano de leite gelado
- 1 colher de sopa de óleo
- ½ colher de sopa de açúcar
- 1 colher de sopa de fermento biológico granulado
- 1 pitada de sal
- 13 colheres de sopa bem cheia de farinha de trigo

Misture o óleo, o açúcar, o sal, o fermento e o leite, deixe descansar por três minutos. Adicione a farinha e misture bem. Estique a massa e coloque em forma de pizza e leve para assar até ficar levemente corada. Acrescente a cobertura que preferir e termine de assar.

Eu fui de mussarela, molho de tomate, um monte de manjericão e tomatinhos cereja.

Torta de pêssegos
Segui a receita de torta de maçãs do fantástico Da Minha Cozinha:

- 1 xícara farinha de trigo
- 75 g manteiga sem sal, gelada
- 2 colheres de sopa de açúcar
- ½ colher de chá de canela
- 2 colheres de sopa água (ou outro liquido - rum, vinho, leite, etc..)
- pitada de sal

Misture tudo até ficar homogêneo, enrole numa bola, embrulhe no papel alumínio e leve a geladeira por uns 30 minutos.
Abra a massa, recheie, asse e coma feliz.