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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Neste calor, nada como uma sopa.... gelada

Cheguei em casa dias destes, me arrastando, derretendo, me desfazendo em suor. Estava com fome, mas não conseguia nem pensar em comer. Então lembrei de uma receita japonesa. Juro que tem um nome, bonito e tchans, mas eu, japonesa torta que sou, não lembro. Fazer o que?

Bom, vamos a sopa:

Tudo começa com um caldo, feito com água, hondashi (um caldinho em pó que você acha em qualquer supermercado), shoyu e legumes. Meus favoritos são bardana e cenoura, mas na falta da bardana foi um shitake que tava dando mole na geladeira. Mas, na boa, só cenoura funciona, abobrinha funciona, vagem idem. O importante é não colocar carne neste caldo, porque senão na geladeira acaba formando uma camada de gordura e/ou gelatininha que não apetecem. Quantidades e proporções, fico devendo porque nunca meço nada quando faço este caldo. Mas não tem segredo: a coisa é visual e depende do gosto de cada um. Coloque shoyu até ficar com uma agradável cor dourada. Hondashi, um envelopinho. Legumes, a vontade, picados bem fininho. Os ingredientes são tão gostosos que não tem como ficar ruim. Vai com fé.




Enquanto o caldo vai fervendo em fogo baixo e tomando gosto, cozinhamos o macarrão. Aí cabe uma ressalva. Para a sopa gelada, gosto do macarrão fininho, de somen. Só que não tinha na despensa, então fui do mais grossinho, de udon. É o mesmo macarrão, só muda o formato. De novo, super fácil de acahr em qualquer supermercado. Se estiver difícil de achar, pergunte pro primeiro japonês que passar na sua frente. Ele vai saber.
E é só cozinhar como qualquer outro macarrão. Só não adicione sal nem óleo, se você faz isso com seu espaguete de domingo.
Quando estiver pronto, escorra a água quente e encha a panela de água fria (de preferência gelada).



Bote tudo na geladeira e vá cuidar da vida. Na hora de comer, monte sua tigelinha assim: um punhado de macarrão escorrido, misturinhas e uma concha do caldo com legumes. Misturinhas são qualquer coisa que você tiver em casa e apetecer no momento. Pode ser carne grelhada em lasquinhas. Cebolinha picadinha. Tofu em cubinhos. Omelete em tirinhas. Deixe sua criatividade falar alto. O meu foi de frango grelhado, pepino e cebolinha.
Fácil, rápido, leve, nutritivo, refrescante e saboroso.
E, o melhor, pode ser feito com antecedência.



sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Kelly Simpson

Olha só eu caracterizada como personagem dos Simpsons! Quer fazer o seu? É fácil e divertido. Tire uma foto digital em close de seu rosto e vá para simpsonizeme.com. E depois me mostra como ficou hehehe.



(Valeu, Pablo!)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

...eu sou do camarão ensopadinho com chuchu....

Tudo começou dia desses, numa corrida muito rápida até a feira. O peixeiro é um gênio e ele deu pra montar umas bandejinhas de camarões médios, fresquíssimos, já limpos e gloriosos a 10,00. É uma quantidade bem satisfatória o que significa bom custo benefício e trabalho zero. Eu amo frutos do mar e bons negócios, então.... Olhei bem para aquelas bandejinhas, lembrei dos lindos chuchus que tinha acabado de comprar e aquela musiquinha da Carmem Miranda começou a tocar na minha cabeça.... Levei os camarões e fiz o tal camarão ensopadinho com chuchu. Delícia e mais fácil impossível. Inspirada pelas Rainhas do Lar, fotografei o passo a passo que segue abaixo.



Primeiro, os ingredientes: o chuchu lindão, o camarão frescão e meu molho de tomate puro e integral que tenho sempre congelado na minha geladeira. Ah, e o coentro, claro.



Em seguida, temperei os camarões com limão a gosto e com coentro bem picadinho. Em seguida, piquei o chuchu bem pequeno. A lá os dois esperando a panela bem bonitinhos.



Daí refoguei alho e cebola sem os quais nada é possível. Este é o melhor cheiro do mundo, alho e cebola fritando num bom azeite.



Com o alho e a cebola douradinhos, juntei o chuchu e o molho já devidamente descongelado e refoguei lentamente, enquanto bebericava uma cerveja, que ninguém é de ferro. A foto da cerveja vou ficar devendo.


Quando o chuchu ficou tenro e todo gostosão, juntei os camarões, adicionei sal a gosto e deixei eles se entenderem em fogo baixo.


Daí foi rápido porque, camarão, ficou rosa, tá cozido, tá macio, tá suculento, tá tudo de bom.



E, final feliz, servi assim, na tigelinha, com arroz branco.


E ouvindo Carmem Miranda cantando Disseram que eu voltei americanizada...
E disseram que eu voltei americanizada
Com o "burro" do dinheiro, que estou muito rica
Que não suporto mais o breque de um pandeiro
E fico arrepiada ouvindo uma cuíca

Disseram que com as mãos estou preocupada
E corre por aí que ouvi um certo zum-zum
que já não tenho molho, ritmo, nem nada
E dos balangandãs já nem existe mais nenhum

Mas p'rá cima de mim, p'rá que tanto veneno?
Eu posso lá ficar americanizada?
Eu que nasci com samba e vivo no sereno
topando a noite inteira a velha batucada

Nas rodas de malandro, minhas preferidas
eu digo é mesmo "eu te amo" e nunca "I love you"
Enquanto houver Brasil... na hora das comidas

eu sou do camarão ensopadinho com chuchu!
Ah, no dia seguinte o (pouco) que sobrou virou risoto. Mas isso é outra história.

Quando Nietzsche chorou (e eu também)

Imagine Nietzsche conversando com Josef Breuer, médico vienense cuja amizade com Freud deu forma a psicanálise. Imaginou? Imagine ainda que esta conversa seja sobre as angústias de Nietzsche, seus medos, dúvidas, inseguranças. Imagine também que, para poder ajudar Nietzsche o próprio Breuer exponha seus medos e angústias. Parece bom, não é?
Eu também achei. Até relevei o fato de que tal conversa muito provavelmente nunca ocorreu de verdade (pelo menos não consta da biografia de nenhum dos dois). Ou seja, trata-se tudo de uma grande licença poética tomada por Irvin Yalom em prol de uma boa história.
Mas, e aí temos um grande "mas", a idéia toda não decola. Motivo: falta de angústias adultas e que possam ser levadas a sério. Explico. No final das contas e muito resumidamente a grande angústia de Nietzsche é só e tão somente medo de ser traído. Isso mesmo. A grande angústia do maior filósofo do século 19 é.... medo de ser corno. Conversa vai, conversa vem e o que fica cada vez mais claro no livro é a paixão de Nietzsche por Lou Salomé. Nietzsche a pede em casamento, ela diz não (afinal casar é uma coisa muito burguesa), Nietzsche fica deprimido e angustiado e reage afastando e ofendendo Lou Salomé. E não, Nietzsche não tinha 15 anos na época.
Se Nietzsche sofre de dor de corno, doutor Breuer sofre da síndrome do tiozão. Ele tem lá seus 40 e poucos anos, casado, 3 filhos, esposa bonita e compreensiva. Mas se sente intimidado pela mulher e desenvolve paixonites por suas pacientes jovenzinhas e desequilibradas para fugir dos problemas domésticos. Uma delas o chama de "paizinho". E ele gosta. Sério. Verdade. Ele sofre porque se sente ligado a uma paciente chamada Bertha que encontra-se claramente perturbada. Ele se encanta pela fragilidade e dependência de Bertha, depois se encanta pela juventude e ousadia de Lou Salomé, depois se encanta pela liberdade de Nietzsche. Se a história se passasse nos dias de hoje, doutor Breuer compraria uma moto e faria uma tatuagem e um pírcim.
Fiquei o livro todo esperando uma reviravolta, a revelação de uma grande angústia existencial debaixo de toda esta bobagem adolescente. Mas nada. Era só isso mesmo. No final, Nietzsche chora e reconhece sua dor. Breuer o convence de que corno não existe, é só uma coisa que puseram em sua cabeça. Breuer reconhece que Bertha tem problemas sérios, que a culpa por suas insatisfações não é de sua família e resolve investir no seu relacionamento com a esposa. E fim.
No final das contas, fico aliviada de que este livro é ficcional. De que toda esta bobagem nunca aconteceu. Assim posso seguir admirando Friederich Nietzsche.