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segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Não quero nem saber de crise

Ando fugindo das pessoas. Motivo: o próximo que cutucar meu ombro e começar a falar da crise corre o risco de tomar um soco.
Não aguento mais ouvir gente falando da crise, com cara de medo, de pânico, falando em conter os gastos até que as coisas melhorem.
Primeiro que choramingar não resolve crises, infelizmente. Espalhar pânico, baseado em cenários apocalípticos também não. E muito menos apertar cintos. Historicamente, aliás, apertar cintos SEMPRE piorou as crises financeiras. Todos os planos de retomada que deram certo sempre começam com medidas para incentivar o consumo. Porque só com consumo se mantém os níveis de produção e de empregos.
Agora, se os apavorados de sempre estiverem certos desta vez, e esta seria a primeira vez diga se de passagem, então este é mesmo o fim do mundo, o final dos tempos, a grande hecatombe. Então, guardar o dinheirinho debaixo do colchão vai adiantar de alguma coisa? Hein? Se o mundo vai acabar mesmo, pra que passar a pão e água? Pra que encher o meu saquinho?
Então, se você está de saco cheio de ouvir falar em crise financeira, se você, tal como eu está a ponto de responder que a crise que vá para a pqp, junte-se a mim em mais este serviço de utilidade pública CoisasQueEuAcho: o MSSOFC - Movimento dos Sem Saco de Ouvir Falar em Crise.
Para se filiar a este movimento, é simples: a próxima vez que um chatonildo vier te falar:
- que a coisa está feia: mostre uma foto do Pedro da Lara pelado para mostrar que tem coisa muito mais feia.
- que o futuro é tenebroso: mande assistir Exterminador do Futuro, para mostrar que que os anos 2000 estão muito melhores do que se previa.
- que a grana tá curta: pergunte quando ela estava longa.
- que a coisa tende a piorar: bom, se tende a piorar aproveita e cobra logo aquela grana que o chatonildo está de devendo, não é mesmo?
- que é o fim do mundo: fale pro cara transferir toda a grana pra sua conta já que o mundo vai acabar mesmo.
- que esta crise é séria: explique, detalhadamente, muito lentamente, que o universo segue um fluxo que obedece uma ordem cíclica. Que o equilíbrio entre o yin e o yang leva a momentos de crise periódica. Que estas crises levam ao crescimento espiritual e ao amadurecimento das relações. Que tudo o que sobe desce, que tudo o que desce sobe. Que o que está em cima é igual ao que está embaixo. Que tudo é relativo, que dinheiro não traz felicidade, etc, etc, etc. Pronto. Agora ele viu o que é ser chato e não vai te incomodar mais.

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