Pages

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Eu quero acreditar em Papai Noel!

Sempre adorei esta época de festas. Mandar cartões de Natal, planejar a ceia, comprar presentes. Reunir a família, abraçar os amigos.
Há algum tempo, porém, tenho sentido o clima sendo estragado pelo monstro do stress. O prazer de presentear as pessoas queridas, o gosto em preparar a ceia, tudo acaba virando fonte de ansiedade devido à pressa e à obrigatoriedade que passou a definir nossas relações. A magia se dissolve em meio à ansiedade e à correria.
E qual a saída? Parar de comprar presentes? Ceiar strogonofe de microondas? Deixar de abraçar os amigos? Não, né.
Penso que a solução, como sempre está dentro de nós. Na capacidade de abstrair. Comprar presentes sem pensar na obrigação de dá-los e sim no prazer de quem vai recebê-los. Escolher presentes que demonstrem carinho e não poder aquisitivo. Escrever cartões e e-mails expressando seus sentimentos e não cumprindo uma obrigação. E acreditar na magia do Natal. Oras, lembro de quando eu era criança. Lembro da magia. Como ela pode ter parado de existir?
Não parou. A magia continua existindo, só minha capacidade de percebê-la é que se reduziu. E eu quero a magia de volta. Eu quero acreditar em Papai Noel.
Para você que quer acreditar em Papai Noel, na magia do Natal, nas possibilidades, na esperança.... as razões nem precisam ser complexas, basta pensar que acreditar é tão mais divertido do que não acreditar. Para você, um presente de Natal, de um tempo que a magia era um fato e não uma esperança: o vídeo de Natal da Turma da Mônica! Feliz Natal pra todos, Feliz Natal!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Assinar pra quê?

Pois é. Não aprendo. Pra que assinar uma revista/coleção, se eu sei que vou ser tratada com o maior descaso no primeiro problema (que com certeza vai ocorrer). Você já entrou no SAC da Abril (www.abrilsac.com.br)? É horrível! Qual a utilidade de um SAC que não se comunica com o cliente? Não tem chat. Não tem telefone de contato. As informações estão erradas. Você manda um e-mail e não recebe resposta. Inútil e só serve pra dizer que a empresa tem um SAC. Sei: um SAC que não ouve e não responde. Super útil.
Esta foi a última vez que faço esta burrada. Da próxima vez, compro com o velho e bom jornaleiro. Simpático, atencioso, que corre atrás dos números que preciso, sorri, me diz bom dia e se importa com minha opinião a seu respeito. E não tem telefone de atendimento com gravação idiota e 20 minutos de espera.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Não quero nem saber de crise

Ando fugindo das pessoas. Motivo: o próximo que cutucar meu ombro e começar a falar da crise corre o risco de tomar um soco.
Não aguento mais ouvir gente falando da crise, com cara de medo, de pânico, falando em conter os gastos até que as coisas melhorem.
Primeiro que choramingar não resolve crises, infelizmente. Espalhar pânico, baseado em cenários apocalípticos também não. E muito menos apertar cintos. Historicamente, aliás, apertar cintos SEMPRE piorou as crises financeiras. Todos os planos de retomada que deram certo sempre começam com medidas para incentivar o consumo. Porque só com consumo se mantém os níveis de produção e de empregos.
Agora, se os apavorados de sempre estiverem certos desta vez, e esta seria a primeira vez diga se de passagem, então este é mesmo o fim do mundo, o final dos tempos, a grande hecatombe. Então, guardar o dinheirinho debaixo do colchão vai adiantar de alguma coisa? Hein? Se o mundo vai acabar mesmo, pra que passar a pão e água? Pra que encher o meu saquinho?
Então, se você está de saco cheio de ouvir falar em crise financeira, se você, tal como eu está a ponto de responder que a crise que vá para a pqp, junte-se a mim em mais este serviço de utilidade pública CoisasQueEuAcho: o MSSOFC - Movimento dos Sem Saco de Ouvir Falar em Crise.
Para se filiar a este movimento, é simples: a próxima vez que um chatonildo vier te falar:
- que a coisa está feia: mostre uma foto do Pedro da Lara pelado para mostrar que tem coisa muito mais feia.
- que o futuro é tenebroso: mande assistir Exterminador do Futuro, para mostrar que que os anos 2000 estão muito melhores do que se previa.
- que a grana tá curta: pergunte quando ela estava longa.
- que a coisa tende a piorar: bom, se tende a piorar aproveita e cobra logo aquela grana que o chatonildo está de devendo, não é mesmo?
- que é o fim do mundo: fale pro cara transferir toda a grana pra sua conta já que o mundo vai acabar mesmo.
- que esta crise é séria: explique, detalhadamente, muito lentamente, que o universo segue um fluxo que obedece uma ordem cíclica. Que o equilíbrio entre o yin e o yang leva a momentos de crise periódica. Que estas crises levam ao crescimento espiritual e ao amadurecimento das relações. Que tudo o que sobe desce, que tudo o que desce sobe. Que o que está em cima é igual ao que está embaixo. Que tudo é relativo, que dinheiro não traz felicidade, etc, etc, etc. Pronto. Agora ele viu o que é ser chato e não vai te incomodar mais.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Pureza e outras coisas que fazem falta

A gente não percebe como vive no automático e como segue scripts. Aliás, a gente jura que não segue scripts, que é autêntico e espontâneo. Então tá. Fui a apresentação de balé da escola da minha filha. Tinha de tudo, desde colegiais, que lógico, ficaram com os papéis principais com as coreografias mais complexas e trabalhadas até as pequenininhas, que apresentaram seus primeiros passos. Foi muito legal. Mas bacana, bacana mesmo, era ver a apresentação das pequenininhas, com seus pequenos acertos e muitos erros. Porque elas estavam simplesmente amando estar lá. Elas estavam se divertindo a beça. Elas não estavam preocupadas com a opinião alheia, ou com o contentamento da professora. Elas estavam só dançando. De forma verdadeira e sincera.

E não é isso que todo mundo devia fazer sempre? Divertir-se de verdade?

*

E uma grande e sábia e querida e admirada amiga me perguntou que mulher eu gostaria de ser, ou sinto que deveria ser. Hum. Pensei um pouco e logo me veio uma saudade ancestral de sentar numa roda com outras mulheres, cada qual com suas crianças ao redor, fiando, tecendo e contando histórias. Uma necessidade atávica de poder pedir ajuda, de poder contar, de oferecer apoio, de partilhar. Pensei logo numa querida comadre, daquelas que toca sua campainha no meio da tarde pra te convidar para tomar café com bolo. Pensei nessas pessoas incríveis que batem a porta do vizinho pra pedir emprestada uma xícara de açúcar e que, em compensação cuida do peixinho quando o vizinho viaja.

Tão fácil, tão difícil. Por quê, hein?

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Sympathique

Esta música está virando hino. Já acordo cantando. Então vamos lá, todo mundo junto: Je ne veux pas travailler....




Ma chambre a la forme d'une cage
Meu quarto parece uma gaiola

Le soleil passe son bras par la fenêtre
O sol se projeta através da janela

Les chasseurs à ma porte
Os mensageiros a minha porta

Comme les petits soldats
como pequenos soldados

Qui veulent me prendre
que vêm me prender


Je ne veux pas travailler
Eu não vou trabalhar

Je ne veux pas déjeuner
Eu não vou almoçar

Je veux seulement l'oublier
Só vou esquecer

Et puis je fume
E então fumo


Déjà j'ai connu le parfum de l'amour
Eu já conheci o perfume do amor

Un million de roses n'embaumerait pas autant
Um milhão de rosas não perfumam tanto

Maintenant une seule fleur dans mes entourages
Agora uma só flor perto de mim

Me rend malade
Me deixa doente


Je ne veux pas travailler
Eu não vou trabalhar

Je ne veux pas déjeuner
Eu não vou almoçar

Je veux seulement l'oublier
Só vou esquecer

Et puis je fume
E então fumo


Je ne suis pas fière de ça
Não me orgulho disso

Vie qui veut me tuer
Desta vida que me consome

C'est magnifique être sympathique
É maravilhoso ser simpática

Mais je ne le connais jamais
Mas não sei como ser

Constatação

A maior hipérbole do mundo é um pleonasmo.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Enigma

Caro leitor fofo, tá sem nada pra fazer né? Tá a fim de fritar o cérebro? Pois então. Vá a este site http://decifra.me/ e se esbalde. É um site de charadas que é simplesmente viciante. São 20 enigmas bem legais. Mas se ficar preso na frente do computador sem conseguir parar para dormir (como eu), não me culpe.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Muita calma nessa hora

Calma gente. Sei que vocês todos têm estado preocupadíssimos com o meu presente de aniversário. Mas não há razão para pânico. Basta entrar na Vivara ou na H.Stern e escolher qualquer coisa. Sério, qualquer coisinha. Hehehe.

Para acalmar a todos e, assim, quem sabe, tranquilizar o mercado financeiro, segue uma listinha de sugestões:

- Uma ilha em Angra.
- Um helicóptero (pra chegar na ilha, lógico).
- Uma Grand Cherokee. Na verdade, duas por causa do rodízio.
- Um ano de passagens aéreas na primeira classe para onde eu quiser.
- Uma sandália Satine do Manolo Blahnik (tamanho 35)
- Um peep-toe do Jimmy Choo (tamanho 35)
- Uma bolsa Dior
- Uma paçoquinha Amor - por que eu gosto, ué.

-

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Estatísticas

Estou com 0% de espaço ocioso no meu saquinho.
*
O início de minhas férias foi postergado para janeiro. Isto aumentou em 86% as chances de um siricotico psicótico.
*
Eu mesma tomei a iniciativa de postergar minhas férias. O que aponta para 100% de chance de que eu seja uma pata.
*
(Aliás, definição de pato: um bicho que anda, nada e voa, mas não faz nada direito).
*
Faltam 16 dias para o fim do meu inferno astral. Isto representa apenas 0,04% do ano. Preciso manter isso em mente...
*
Estamos a 1 dia trabalhando sem acidentes com perda de paciência.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Obama e a hecatombe

Obama eleito. Clima de oba-oba. Aliás, por quê, hein? Até parece que fomos nós , brazucas, que tivemos a capacidade de eleger um presidente formado por Harvard, culto e articulado. Mas enfim.
Fiquei pensando no assunto e me bateu medo. Sim, medo. Pensa bem. Em todo e qualquer filme americano de hecatombe o presidente dos Estados Unidos é negro. Reparou? Aiaiai. O que vem por aí?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Aí sim

Eu acho que estou na merda. Após muito ajoelhar no milho me mandam um cara pra me ajudar. Então eu penso, legal, vai melhorar. Pois é. Daí descubro de um jeito muito escroto que o sujeito que deveria me ajudar fica falando mal de mim para minha equipe. Então melhorou: agora eu tenho certeza que estou na merda mesmo.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Gepê

E corrida de Fórmula 1 é igual novela. Só interessa o comecinho e o final. O resto é groselha.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Licença maternidade de 180 dias

Sou contra a licença maternidade de 180 dias. Acho um contrasenso que as mulheres façam tanta questão de igualdade mas não se toquem que têm uma licença maternidade de 120 dias enquanto que os homens contam com míseros 7 dias. Por quê? Porque ser mãe é mais importante que ser pai? Porque o filho é mais da mãe do que do pai? Porque só a mãe precisa fortalecer os laços com os filhos? Ah, pára! É hora de mudar essa forma de pensar, pro bem dos nossos pimpolhos.
Proponho uma licença paternidade de 120 dias, a começar quando termina a licença maternidade. Funcionaria assim: o bebê nasce, a mãe entra em licença. Amamenta e tal, porque isso não tem jeito, tem que ser a mãe mesmo. Passados 4 meses, troca de guarda. Mamãe volta pro batente e o pai assume por 4 meses. Pesquisar escolas, introduzir sucos e alimentos sólidos. A criança fica 8 meses com os pais. Os pais aprendem a cuidar dos filhos e , por que não, se divertem e curtem seus filhos. As mães param de sentir que o filho é 100% reponsabilidade dela e que ninguém mais no mundo consegue cuidar da criança.
Todo mundo ganha e de quebra acaba aquela conversa de não contratar mulher porque ela pode ficar 4 meses fora.

sábado, 1 de novembro de 2008

Cara nova de novo

Lay out novo. O outro estava muito blé.

*

Sábado vem. Sábado vai. E a segunda-feira está sempre ali.

*

Estou em pleno inferno astral. Então o mês passado foi o quê, então? Ensaio? Céus....

*

Faltam 29 dias para minhas férias.

*

E você vê que a criatura está realmente desesperada por férias quando ela marca a dita cuja para dezembro, o mês mais mico para efeito de férias. Mas era isso ou o manicômio.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Breve intervalo

Olas. Entao. Ca estou para chutar as bolas de feno que andam rolando por aqui. E para dizer que preciso de ferias. E que a droga do teclado desconfigurou e nao consigo usar os acentos. E so.


*

E no trabalho, no meu trampo sagrado em que ganho a vida com o suor do meu rosto, vou aprendendo que nunca, jamais, em hipotese alguma deve-se duvidar de que as coisas poderiam piorar.

*

E por falar em ganhar a vida com o suor do rosto, queria deixar registrado que nunca queimei sutias, nem participei de passeatas feministas, nem exigi igualdade com os seres humanos da raca masculina. Portanto.... quero ser dondoca!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Notre Dame e a beleza

Há aproximadamente 6 anos fui a Paris e estive na catedral de Notre Dame. Um lugar lindo, muito emocionante mesmo para mim que não sou católica.
Tinha lido nos livros de história sobre a arquitetura gótica e sobre como os arcos em forma de ogiva tinham o objetivo de guiar nossos olhos para o céu e, assim, voltar nosso pensamento a Deus. Mas foi só estando lá e vendo os tais arcos para entender o que isto realmente significava. Os olhos são guiados para o céu, o pensamento vai para Deus e a alma..... parece se libertar do chão. Foi um daqueles momentos em que se percebe a importância da beleza. A beleza não como uma coisa superficial, supérflua, mas como algo que eleva o pensamento, limpa a mente e agrega valor à alma.
E que tem mistérios. Pois aproveitamos que estávamos lá e assistimos uma missa. Bem, eu odeio assistir missas. Odeio. Mesmo. Já falei que quando eu morrer não quero missa de 7 dia. Não adianta, porque eu não vou. E, se quiserem que eu ressuscite é só fazer uma missa de corpo presente. Sou capaz de levantar do caixão de desgosto. Só vou a missas quando alguém muito chegado morre e encaro isso como um sacrifício enorme que faço pela memória da pessoa. Porque assistir missa me causa um sofrimento quase físico.
Mas em Notre Dame, achei a missa bonita. Provavelmente porque não estava entendendo patavina do que o padre estava falando. E certamente porque não tinha gente tocando mal violão e cantando música brega com voz esganiçada. Talvez o padre até estivesse falando das atividades do grupo de senhoras. Ou que não era permitido estacionar atrás da igreja. Ou que não era pra comprar santinhos dos moleques da rua. Ou alguma outra pequenez do gênero. Mas, em francês eu não entendia nada e só apreciei a sonoridade das palavras, a cadência suave, e tive a impressão de que se tratava de um assunto elevado, pronunciado na língua dos anjos. Impressão reforçada pela música clássica, tocada em órgão, com leveza e riqueza de notas.
Fiquei, então, pensando se eu ia gostar mais de missas se elas fossem rezadas em latim. E se fosse proibido entrar na igreja portando violão. Provavelmente sim e sim.

*

E isso porque ando com fome de beleza. De ver, ouvir e mesmo sentir coisas bonitas. Acordo, vou ao trabalho e volto pra casa. Neste curto, curtíssimo, trajeto vejo ônibus e carros amassados, casas mal-cuidadas, ruas sujas, calçadas quebradas e estreitas e pessoas tristes e preocupadas, ouço buzinas, xingamentos, gritos, acusações. Ligo a TV e vejo o mesmo. O mundo cão, as maldades, as feiúras todas de todos os níveis. Meus olhos estão cansados. Meus ouvidos estão gastos. Vejo coisas bonitas também. Mas parecem ser pequenas ilhas no meio de um oceano de feiúra e sordidez.

*

Tenho sentido necessidade de beleza. De ruas arborizadas, com calçadas bem feitas. Casas com gramados bonitos e bem cuidados. Só isso significa tanta coisa. Que o dono da casa se importa com quem passa pela rua e, por isso cuida bem de sua calçada e enfeita seu jardim. Quem passa pela rua se importa com quem mora lá e não suja a rua, não estraga a calçada, não enfeia o jardim. Tão pouco. Tão importante.


*

Então beleza tem a ver com gentileza? Penso que sim. E com bondade também. Com generosidade, certamente. Beleza não é fútil. A apreciação da beleza nos conduz a atitudes melhores. E melhores atitudes fazem o mundo mais bonito. Uma espiral crescente, cada vez mais necessária num mundo de resultados, de objetividade, de praticidade. Coisas úteis, sem dúvida. Mas que perdem valor sem a beleza.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Pequeno desabafo

Trabalho com tecnologia. Vão aí bem uns 20 anos de bits e bytes. Já trabalhei com tudo. Mainframe. Clipper. Programação. Análise. Processos. ERP. QA.
Desenvolvendo ou avaliando, sempre gostei de resolver problemas. E acho que quando uma empresa me contrata é isso que ela quer. Que eu resolva problemas ou que eu evite que os problemas ocorram.
Mas o dia-a-dia acaba conduzindo a gente por outros rumos. De repente, no lugar de desenvolver soluções, eu me vejo cada vez mais desenvolvendo provas de que a culpa não é minha. Que culpa, pergunta você. De qualquer coisa, respondo eu.
Pois uma característica marcante de quase todo o profissional hoje em dia é a capacidade de provar que a responsabilidade pelos problemas é de outro. Atrasou? Foi o fornecedor. Está errado? Foi o analista. O cliente está insatisfeito? Foi a área comercial.
Ninguém assume responsabilidade. Gasta-se um tempo e uma energia enorme com justificativas, planilhas, reuniões, tudo para apurar responsabilidades. E não sobra quase nada para trabalhar de verdade.
Sinto saudade de um tempo que não houve. Em que cada profissional sabe o que faz. Assume o que fala. Assume o que faz. E o que importa é entregar corretamente o que o cliente pediu. Só isso.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Frio

Gosto de frio.
Gosto de calor.
Não brigo com o tempo, só me adapto a ele.
Dias quentes são yang. São dias de ação.
Dias frios são yin. São dias de reflexão.
Cá estou eu, já preparada psicologicamente para dormir, as 19:30.
Pensando numa tigela de sopa e numa xícara de chá.
E com preguiça de fazer qualquer uma das duas.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Primeiros parágrafos

Gosto muito dos primeiros parágrafos. Acho que, se o primeiro parágrafo é bom, o resto do livro também o será, com certeza. Claro que se o primeiro parágrafo não for lá essas coisas eu continuo lendo o livro. Mas, quando ele é bom..... minha leitura fica mais esperançosa.
Pois olha só este primeiro parágrafo:

"Passei a geléia numa torrada com uma espécie de floreio. Acho que nunca cheguei tão perto de cantarolar um "tra-la-la" enquanto passava a faca, pois estava me sentindo em plena forma esta manhã. Deus lá no céu dele e tudo bem no mundo cá embaixo, como escutei Jeeves dizer certa vez. (Lembro que ele ainda acrescentou alguma coisa sobre cotovias e caracóis, mas esta é uma questão secundária, na qual não precisamos nos deter)." - Sem Dramas, Jeeves - P.G.Wodehouse.

Não dá vontade de continuar lendo e lendo até ligarem do escritório e dizerem que se você não aparecer no dia seguinte será demitido? Pois é.

sábado, 30 de agosto de 2008

Homo Burocraticus

A vida no planeta Terra evoluiu, partindo das amebas até culminar com o Homo Erectus e o Homo Sapiens, categoria à qual a maioria de nós pertence. Porém, ultimamente tenho observado um novo espécime: o Homo Burocraticus. Extremamente parecido com o as duas espécies anteriores exceto por pequenos e significativos detalhes.
Fica ereto, como o Homo Erectus, porem sua espinha se dobra muito mais facilmente. Diria-se até que sua espinha seria feita de borracha em lugar de ossos.
Pensa, como o Homo Sapiens e, como ele, é capaz de atividades criativas. Porém, enquanto o Homo Sapiens usa sua inteligência para criar ferramentas que o ajudam a sobreviver, o Homo Burocraticus inventa planilhas e gráficos para justificar e acompanhar a criação das ferramentas. Eventualmente, ele acaba solicitando ajuda de algum Homo Sapiens para criar alguma ferramenta que o ajude a gerenciar suas planilhas. Mas para isso ele acaba criando mais 9 planilhas e 3 formulários.
Um típico Homo Burocraticus é como um vógon, povo extraterrestre descrito no fantástico "Guia do Mochileiro das Galáxias", de Douglas Adams: incapaz de salvar sua própria mãe se não tiver um formulário preenchido e assinado com firma reconhecida, em quatro vias. Um típico Homo Burocraticus pára para pedir informações até em queda livre.
O Homo Burocraticus nunca resolve problemas: ele escala. O homo burocraticus pratica gerundismo mesmo sem conjugar o verbo no gerúndio. Na boca dele, todo e qualquer verbo, em qualquer conjugação, sempre vira gerúndio.
Como o Homo Burocraticus veio depois do Homo Sapiens, ele parece ser uma evolução da raça humana. Mas pelo que se pode observar dele.... sei não. Desconfio que estamos voltando às amebas.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Do que as mulheres gostam

Entrou aqui uma pessoa via Google procurando por "coisas que gostam as mulheres". Como achei fofo e não gosto de decepcionar ninguém, aí vai uma lista de coisas que as mulheres gostam:

1 - Chocolate
2 - Ser compreendida
3 - Discutir a relação
4 - Discutir qualquer coisa
5 - Sentir-se segura
6 - Ter frio na barriga
7 - Ter seus pensamentos lidos
8 - Ter seus segredos (pois é, vai entender...)
9 - Champanhe rosé
10 - Conversar com amigas
11 - Ver vitrines
12 - Comprar sapatos
13- Comprar bolsas
14 - Rúcula e tomate seco
15 - Pêssegos, morangos, cerejas
16 - Perfume
17 - Massagem
18 - Jóias (dã!)
19 - Flores
20 - Daiquiri
21 - Caipirinha de sabores esdrúxulos
22 - Banho de espuma
23 - Ser mimada
24 - Free shop
25 - Gilmore Girls
26 - Drama
27 - Brad Pitt
29 - Musicais
30 - Balanças quebradas que mostrem 10 kg a menos

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Coisas que li - parte 7

Dia 28 de agosto, as 22:00, começa a nova temporada de The Tudors, na People&Arts. Ufa. Aleluia! Enquanto isso, mato minha vontade de assistir lendo sobre o assunto.

Como já havia postado antes, li “A Princesa Leal” de Philippa Gregory. E gostei muito. Desta vez, foi a vez de “A irmã de Ana Bolena”. Que eu não sabia que era o livro em que foi baseado o filme “A outra garota Bolena”.

O que gostei em ambos os livros foi o trabalho de pesquisa. Claro que é um romance e que os fatos históricos fazem concessões em prol do enredo. Mas ainda assim, os costumes e lugares são bem retratados e os personagens, bem construídos. Recomendo. Mas agora vou dar um tempo nos Tudors. No começo do ano eu havia decidido dar um tempo na temática árabe/talibã e consegui. Agora, chega de Tudors. Tudors só na TV.
Se alguém tiver alguma sugestão de livro, manda! Pelamordedeus, só não vale romance espírita.

domingo, 24 de agosto de 2008

Disney e algumas considerações

Fui a Disney no ano passado. Amei. Mais do que eu imaginava. Achei que a viagem seria para minha filha e que eu e meu marido íamos somente acompanhá-la. No fim das contas, não sei dizer quem curtiu e se emocionou mais.
Tudo tem qualidade. Todos os detalhes foram planejados. Tudo funciona a perfeição.
Adoro viajar, e faço questão de variar sempre os destinos. Mas no caso da Disney, tenho uma enorme vontade de voltar, e muitas vezes.

Ficando
Primeiramente o hotel. Ficamos dentro do resort, no hotel mais baratinho: o Pop Century. Maravilhoso. Perfeito para quem está com crianças pequenas e não quer saber de frescura. No lugar de restaurantes sofisticados, tem uma praça de alimentação, com cinco mini-restaurantes de fast food e uma boa área de self-service.
Os restaurantes me surpreenderam pela presença de opções saudáveis, o que se repetiu dentro dos parques. Para mim, após umas 3 viagens para lá a trabalho, Estados Unidos são sinônimo de praticidade e de comida calórica (deliciosa, tentadora, mas ultra-calórica....). Nos restaurantes haviam, claro, os indefectíveis hambúrguer-fritas-pizza. Mas tinha também umas opções muito boas de salada, massas, comidinha caseira (peito de peru com purê e cenourinhas, por exemplo). O cardápio infantil tinha sempre um prato quente com acompanhamento e 2 opções a escolher entre pudim de chocolate, uvas, gelatina, cookies e palitinhos de cenoura. E dava direito a uma caixinha de leite.
Na área de self service tinha uma grande variedade de frutas frescas cortadas em potinhos, cereais, leites, sanduíches prontos, tudo em porções individuais. Mais prático impossível.
O hotel é limpíssimo, organizadíssimo, bem pensadíssimo. É um monstro de tão enorme, com 3 piscinas grandes e climatizadas e projetado de tal forma que todos os quartos têm vista para alguma opção de lazer ou para o lago. O quarto é pequeno para o padrão americano, mas normal para o padrão brasileiro. Tinha um playground muito bonitinho e um outro, aquático do Pateta.

Ir e vir
Dentro do resort há linhas de ônibus, monotrilhos, barcos para chegar aos parques. Os sistema é extremamente eficiente e pontual. Saíamos dos parques na hora do fechamento, junto de uma verdadeira multidão que se dirigia para o ponto dos ônibus. Eu pensava “vamos pegar uma fila enorme....”. Surpresa: tínhamos que esperar no máximo, pelo próximo ônibus. E isso porque, com a Bebella dormindo no colo e nós caindo de cansaço, queríamos ir sentados. E esperar pelo próximo ônibus significava esperar menos de 10 minutos.
Os ônibus foram todos preparados para atender dignamente portadores de deficiências. E não só os ônibus, mas também os funcionários. Atenciosos sem ser condescendentes.

Parques
São quatro: Magic Kingdom, voltado a fantasia, Epcot Center, uma homenagem ao planeta e à tecnologia, MGM Studios, cuja temática é o cinema e Animal Kingdom, voltado à natureza e ao mundo animal.
Os parques são todos maravilhosos. Os shows de encerramento são todos um desbunde. Tudo segue o tema do parque nos mínimos detalhes. Tudo brilha de tão limpo. As filas funcionam, o fast pass funciona, os agendamentos funcionam. Quase não se vê funcionários circulando. Nada que o remeta de volta a feia realidade. Lá tudo é sonho e fantasia. Fuga da realidade? Pode ser. Mas era justamente o que eu estava precisando nas férias.
Os shows são todos pontuais e absurdamente caprichados. O figurino é impecável, as fantasias parecem ter sido feitas ontem.
Não se vê personagens perambulando de lá pra cá. Quando você vê algum personagem ele está sempre acompanhado por algum funcionário e está se dirigindo até o local de autógrafos. Depois dos autógrafos, ele se despede e.... a impressão é que eles somem numa nuvem de fumaça ninja. Mágica.

Planejamento, preparação, execução

Li um livro sobre a Disney na faculdade. A matéria era administração e o livro “Nos Bastidores da Disney”. Comecei a ler de má vontade, como sempre acontece quando leio por obrigação. Sou rebelde. Mas fui pega na segunda página e não consegui largar mais o livro, como raramente acontece quando leio por obrigação. O livro quebrou minha rebeldia, quem diria?
O livro fala sobre o detalhismo e o culto à perfeição que guiam os parques da Disney e que lições eles representam para o mundo dos negócios. Afinal, se alguém consegue administrar e fazer funcionar com tal perfeição um parque, que tal aplicar estes conceitos para administrar um hospital? Ou uma escola? Ou um país?
Duas passagens foram especialmente memoráveis. O sujeito que apresenta a Disney para um grupo de administradores pergunta: qual é o concorrente da Disney? Eles respondem prontamente: os outros parques dos Estados Unidos. Não, errado. Todos os parques do mundo? Não. Todos os empreendimentos de lazer? Não. Cinema, televisão, teatro? Não. Resposta certa: toda e qualquer empresa de todo e qualquer setor ou país com o qual o seu cliente possa eventualmente te comparar. E não é? Sem perceber, eu comparo o SAC de uma empresa com o telemarketing de outra. Eu comparo o atendimento do garçom com o da vendedora de sapatos. Eu comparo a pontualidade do técnico da TV a cabo com o do corretor que vende meu apartamento. A cabeça do cliente funciona assim e uma empresa de sucesso se prepara para ser comparada com todas as outras e superá-las.
Outra passagem é quando o sujeito explica que os funcionários são todos treinados para entender o cliente. Óbvio, não? Mas ele ilustra a idéia com um fato que ultrapassou o óbvio. Um senhor perguntou a um funcionário a que horas começaria a parada das 3:00. Pergunta besta. O que você responderia? Pois o funcionário conseguiu perceber o que o cliente queria saber de verdade e não havia conseguido perguntar. Ele respondeu: “começa pontualmente, porém, para conseguir bons lugares é preciso chegar 40 minutos antes”. Genial. Qual foi a última vez em que você, como cliente, foi tratado assim, com presteza e boa vontade?

E por que isso hoje?
É que acabei de voltar do Princesas on Ice, no Ginásio do Ibirapuera. Fui achando que ia ser um showzinho e só. E foi um desbunde ao estilo Disney. Começou pontualmente as 11:00. Eu tenho este lance com pontualidade que não deixa de ser um certo ranço nipônico, algo do qual normalmente não gosto. Mas o fato é que, eventos para crianças precisam ser pontuais. Discorda? Pois tente manter uma criança ansiosa de 4 anos sentadinha numa cadeira por 15 minutos. Então.
Tudo tão lindo e perfeito que deu vontade de chorar. Tudo bem que eu choro até com comercial de sabão em pó, mas mesmo assim. Figurino lindo, detalhado, perfeito. Ganchos interessantes, detalhes importantes e difíceis sendo resolvidos com criatividade e inteligência. Lindo, lindo, lindo.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Acupuntura

Acabei de voltar da acupuntura.
Estou me sentindo uma nova mulher. A agitação de ontem dissolveu-se no ar ao toque das agulhas mágicas do dr. Jou.
Estou até meio zureta. Acho que a agitação, o stress e a ansiedade eram tamanhos que, agora que eles se pirulitaram, estou meio vazia. Com espaço interno, sabe como é?
Minhas costas que estavam duras, feito uma carapaça estão até relaxadas. Meu maxilar idem. O couro cabeludo idem (sim, queridos, meu couro cabeludo estava tenso).
Funciona assim: primeiro passa-se por uma consulta com o dr Jou. Ele segura seus pulsos e, depois de alguns instantes descreve seu temperamento e sua vida com precisão. No meu caso ele disse: "hum... calma e passividade exterior... por dentro ansiedade borbulhante como um vulcão... hum...". Quem me conhece, sabe que o homem acertou. Depois, marca-se a sessão, que pode ser semanal, ou diária, dependendo da necessidade. No meu caso, semanal, portanto não sou um caso perdido.
Cada sessão dura 1 hora. Você chega, é levado até uma salinha fechada e com toda a privacidade. Fica só com roupa de baixo. Deita confortavelmente numa cama. Depois de um tempo, dr Jou chega, e espeta as agulhas. Uma aplicação nunca é igual a outra. Depende do que você precisa no dia. Ele acende uma meia luz e você fica lá, sozinha e tranquila, parecendo um ouriço e ouvindo uma musiquinha relaxante. Não dói e a sensação é ótima. Você dorme, baba, ronca, na boa. Ao fim dos 60 minutos, entra um outro médico, faz uma aplicação de moxa e retira as agulhas.
E você pode sair flutuando.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Olimpíadas

Como sempre, não tenho acompanhado as olimpíadas. Se dependesse de mim, toda e qualquer cobertura de evento esportivo seria um fiasco total. Não entendo muito bem o objetivo. Entendo a importância do esporte. Ir lá, vestir o maiô e nadar. Ou calçar o tênis e correr. Ou jogar bola com os amigos. Ok. Mas sentar o popô no sofá, comer pipoca e ficar vendo um monte de gente se exercitar, sei lá.
Mas que eu realmente não entendo é essa indignação geral com o nosso quadro (hahahaha!) de medalhas (hohohohoho!!!). Por que a indignação? Sério, alguém achava mesmo de verdade que íamos ganhar medalhas? Quando, em toda a história das olimpíadas, houve uma participação brilhante do Brasil? Só se tiver sido antes de Cabral.
E isso por um motivo simplérrimo: ninguém dá a mínima para esporte neste país. Futebol? Ora, futebol é esporte no dicionário, mas na cabeça do brasileiro já virou religião. Então vamos esquecer o futebol, ok? Por enquanto, pelo menos.
Nenhum outro esporte existe por aqui. Nos Estados Unidos, pais esportista por excelência, os astros dos esportes enfeitam as caixas de cereais. Aqui, nas nossas caixas de cereiais, temos um tigre gordo, um urso astronauta e um elefante marrom.
E, se nenhum esporte existe, se os esportistas não têm apoio, não desfrutam de reconhecimento, não têm grana, então, como esperar que role um milagre a cada 4 anos? Como comparar o desempenho de um Phelps, que é um herói em seu país, com um esportista brasileiro anônimo e desacreditado?
E essa coisa toda, que faz parte do espírito coletivodo brasileiro, de sentir dó, de se identificar com os fracos. Ora, isso pode ser até bonito, bacana, mas não combina com esporte. O espírito esportivo é combativo, é competitivo, agressivo. Lembram daquele maluco de saiote que agarrou o maratonista brasileiro (cujo nome, lógico, não lembro) quando este estava liderando a prova em Atenas? Claro que houve uma falha grave na organização. Mas o fato é que, o sujeito estava correndo, vencendo, após anos de preparação e trabalho duro, adrenalina a mil. Surge um biruta de saiote para te abraçar. Cara, dá um empurrão e vai em frente. Faltou gana, vontade de vencer.
Aliás, coisa irritante. Brasileiro sempre perde por pouco, reparou? Sempre somos injustiçados. Acho isso um saco. Sumiu o equipamento da atleta brasileira. No caso, a vara utilizada por Fabiana Murer. A prova tinha que ter sido cancelada. A TV mostrou a atleta sozinha conversando com o delegado da prova, procurando seu material. Ninguém a ajudou. Ninguém na delegação brasileira. Sou uma completa ignorante em assuntos esportivos. Mas ela não tem um técnico, treinador, coisa que o valha? Não há ninguém que acompanhe os atletas para assegurar que a prova seja justa?
Falta apoio? Falta sim. Falta grana? Falta. Falta patrocínio? Com certeza.
Mas também falta apoio popular, interesse. Falta vontade de vencer. Falta gana. Falta combatividade. Falta brigar bonito pela vitória. Sobram justificativas.

Falta ganhar apesar de tudo.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Federal 1987

Sabe quando você sabe que é feliz? Pois é.... era eu no colegial.
Não que eu não fosse feliz antes ou depois, mas é que eu tinha a consciência de que aquele momento era especial.
Quem estudou lá sabe.
Eu tinha acabado de sair de uma escola estadual muito ruim, na qual havia estudado minha vida toda. Não havia biblioteca. Nem vestiário. Mal tinha banheiro. Mas o que doía mesmo era não ter biblioteca.
E fui para a Federal. Escola Técnica Federal. Curso Regular de Processamento de Dados. Tive que estudar pela primeira vez na vida. Tomei notas vermelhas pela primeira vez na vida. Quase fiquei de recuperação. E tive acesso a uma biblioteca, a vestiário, semana cultural, olimpíadas escolares. Professores que instigavam, provocavam, empurravam a gente ladeira acima. Professores malucos, visionários, geniais.
Tive 4 anos de matemática, tive cálculo financeiro, desenho técnico, contabilidade, projetos, insônia e ansiedade.
Vivi o clima de faculdade quando tinha apenas 14 anos, sabe lá o que é isso?
Tínhamos liberdade de ir e vir, e éramos cobrados como profissionais.
É tanta coisa a dizer sobre lá, sobre aquele tempo, que sei que estou me atropelando toda.
Mas vamos por partes.

Mestres e mestras
Podíamos faltar. Ninguém corria atrás de alunos gazeteando. Mas havia controle de faltas. Havia um número máximo de aulas que o sujeito podia matar. E éramos cobrados pelo programa de aulas. E como éramos.
A avaliação era a critério de cada professor. E tínhamos professores, normalmente os mais exigentes, que davam prova com consulta ou para fazer em casa. Inicialmente, bobinhos que éramos, achávamos que ia ser moleza. Mas depois da primeira prova com consulta, ficávamos mais espertos. Prova com consulta não era sinônimo de autorização para usar cola. Era sinal de que a prova ia exigir análise e compreensão. Significava que, se você assistiu a aula só de corpo presente e depois decorou o livro, não vai conseguir responder às questões.
Tínhamos professores brilhantes, inesquecíveis, que faziam uma cambada de adolescentes de 15 anos sentirem prazer em assistir 4 aulas seguidas numa tarde de sábado. Caso do Renato, de Técnicas de Programação. Ensinar um bando de adolescentes indisciplinados (redundância...) a organizar o pensamento de forma lógica já não deve ser coisa das mais fáceis. Fazê-lo de forma divertida, então, beira o impossível. Mas o cara conseguia.
E o Sergio, nosso professor de Cobol? Deficiente visual de nascença, memorizava nossos programas, ditados, e apontava os nossos erros com precisão humilhante. Detectava a bagunça antes que tivéssemos oportunidade de começar, percebia quando alguém abria um pacote de biscoitos no fundo da sala e descobria fácil fácil qaun do alguém tinha a cara de pau de copiar o programa de outra pessoa. E isso, no meio de 40 programas.
E tivemos professores odiados, temidos, incompreendidos. Lembro da Marta, especialmente odiada e temida. Quando um garoto disse a ela "puxa professora, eu me esforcei tanto...." ela simplesmente respondeu: "quem se esforça é burro.Quem é bom vai lá e consegue.". Na época, ficamos indignados. Hoje, 20 anos depois, vejo que ela estava apenas constatando o óbvio. O mundo não é sempre justo e só tentar não significa sucesso. Isso certamente não estava no currículo, mas ela ensinou assim mesmo.

E mais
Lembro do meu walkman tocando INXS, Pink Floyd, Whitesnake, Deep Purple, The Cure, U2. Eu sentada num banquinho assistindo o treino de basquete, de rugby, de futebol. Lendo Bizz, Trip e Mad. Lembro do mainframe que tínhamos na escola, um Burroughs 1900, apelidado carinhosamente de Cabeção. Lembro da Semana Cultural, uma semana inteirinha sem aula, mas com presença obrigatória em palestras. Tinha de tudo, inclusive astrologia, filmes alternativos. Foi lá que assisti The Wall, Laranja Mecânica, O Encouraçado Potenkin.
Lembro da cantina, do almoço incomível, do indefectível lanche para tempos de dureza: X-Miséria, vulgo pão na chapa.
Lembro da primeira decisão moral: a classe inteira abandonou a sala quando um professor foi injusto com um colega.
Tínhamos eleição para diretor. O diretor possuía mandanto de 4 anos, após os quais, um novo diretor era eleito por voto direto. O voto direto não existia para presidente, mas para diretor da escola funcionava que era uma beleza.

mais, mais, mais
Era bom não ter preocupações. Talvez o melhor era ter a consciência de que eu não tinha preocupações. Afinal, passar de ano não é uma preocupação. As contas a pagar sim. O aluguel, a fatura do cartão, a faculdade, manter o emprego, ganhar a promoção, fazer o pé de meia. Isso sim, são preocupações. Era bom ter 15 anos, ter 16, 17. Era bom estar apaixonada por um garoto novo a cada semana. Tantas possibilidades, tantas coisas por acontecer me deixavam tonta, inebriada, meio bêbada. Queria o mundo todo de uma só vez e para sempre.

Aquela época foi inesquecível. Aquela escola foi incrível.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Oi. E aí? Quais as novas?

Olás pessoas. Andei sumida, mas tô viva, viu? Logo mais posto alguma coisa, mas é que ultimamente minha chapa anda quentíssima....

terça-feira, 27 de maio de 2008

Cadê você Madonna?

Sou desorganizada com coisas desimportantes. Pois que virou mexeu eu ganho um tesouro. Explico. Só pra variar um pouco fiz lambança com meus CDs. Termino de ouvir um CD, abro a caixa do próximo a ser ouvido. Guardo o que eu estava ouvindo na caixa que já está aberta mesmo. E assim sucessivamente até que cada CD esteja na caixa errada. Juro que fazer é muito mais simples que explicar e a coisa tem sentido, rola um fluxo de ações....
Daí que de quando em quando sinto falta de algum CD. E eu olho pra pilha de CDs sabendo que lá, em algum lugar, escondidinho está o CD que eu quero. Como um tesouro enterrado numa ilha deserta. Só que sem mapa.

terça-feira, 6 de maio de 2008

De quem vai ficando pelo caminho

Perplexidade. Talvez seja este o grande sentimento diante de uma perda irreparável. Impotência, talvez seja outra. A certeza de que não somos nada, ou de que entre a vida e a morte há somente um véu muito, muito fino.

I close my eyes
only for a moment and the moment's gone
all my dreams
pass before my eyes a curiosity
dust in the wind
all we are is dust in the wind

Não importa se é justo ou não, se faz sentido ou não. Na verdade, nunca jamais faz sentido. Não adianta buscar respostas porque elas não existem. E nós, na certeza da nossa infalibilidade, da nossa importância, da nossa grandeza, continuamos buscando justificativas que não existem, simplesmente por não podermos aceitar que alguém deixe nosso convívio sem uma boa razão.

Same old song
just a drop of water in the endless sea
all we do crumbles to the ground though we refuse to see
dust in the wind
all we are is dust in the wind

Em meio ao choque e a perplexidade só fazemos perguntar o por quê, como se alguma resposta fosse anular o fato triste, indiscutível, irreparável, de que alguém se foi. Nada no mundo é tão certo como a separação. E nada é tão inaceitável.

Now, don't hang on
nothing last forever but the earth and sky
it slips away
And all your money

won't another minute buy

A vida não dá garantias. A vida não tem prazo de validade. A vida não tem manual de instruções. E mesmo assim, ela foi feita para ser usufruída com alegria e prazer. A nossa única certeza é, ao mesmo tempo, nosso maior medo. E mesmo assim, devemos viver com coragem e fé. Talvez o grande milagre seja o fato de conseguirmos.

Dust in the wind
all we are is dust in the wind
dust in the wind
everything is dust in the wind

(Dust in the Wind - Kansas)

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Coisas que não faço

Não assisto a noticiários
Noticiários viraram narração do apocalipse. Tô fora. É filho que mata pai, pai que mata filho, guerra, doença, boçalidade, ignorância. As mesmas notícias de sempre, mudando apenas os nomes dos sujeitos. Chega. Estou muito bem e feliz no meu mundinho cor-de-rosa.

Não acompanho desgraça alheia
Às vezes, no meio de algum evento que gera comoção geral, e que, via de regra, é desgraça, emerge uma faceta do "cerumano" que, francamente, não dá pra tolerar. Pode prestar atenção. Acidente de trânsito. Todo mundo TEM que reduzir pra olhar (pra que, pergunto eu, pra que?). Daí todo mundo diz "ai que horror", ou "coitado" ou coisa que o valha, que é pra mostrar que é bom e simpatiza com o sofrimento alheio. Daí vem um balançar de cabeça (tsc,tsc,tsc) e um comentário clichê tipo "onde este mundo vai parar, não é?" pra mostrar que o cara tem conteúdo. Agora, parar pra ajudar que é bom, nada, né, santa?

Não elimino nada que me dê prazer
Não meiiiismo. Posso até reduzir quantidades em prol de minha saúde. Mas não caio mais nessa conversa mole de que isto ou aquilo faz mal. Meu organismo sabe o que precisa e pronto.

Não acredito no que não me interessa
Só acredito no que me faz bem. Comentários pessimistas, derrotistas, fatalistas são solenemente ignorados.

Não duvido de nada
Sempre acho que tudo (de bom) pode acontecer. Acredito na capacidade criativa do destino. E esta fé nunca me frustrou.

Não julgo
Nunca.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Musiquinha que não saiu da minha cabeça hoje

" Viva a alegria e viva o prazer, de estar gostando de viver
Viva o oxigênio que invade o nariz e faz a gente ser feliz.
Viva a natureza, deusa da beleza, mãe das coisas que são boas
Viva a harmonia que somos eu e tu
E viva o rabo do tatu... "

terça-feira, 8 de abril de 2008

Dias assim

Tem dias que parecem mais inóspitos que outros. Dias em que o mundo parece menos amigável e as pessoas também. Assim, sem mais nem menos. Ainda bem que passa. E não, não é TPM.

domingo, 30 de março de 2008

Quem é esse Daniel?

Gente, entrou aqui alguém que veio pelo Google procurando por "qual era a carne no manjar que Daniel recusou". Pode??? E agora fiquei curiosa. O que significa isso, hein?

A vida em poucas linhas

A vida começa num sonho num instante de loucura num momento de abandono de busca de sei la o que mais daí ela vai avançando de sonho em sonho de momento em momento primeiro são balas e doces e tardes de brincadeira limonada televisão gibis lição de casa quintal bola pedras e chão mais adiante viram devaneios e angústias e dúvidas e mais dúvidas e marcas que vão se fazendo na alma e na mente mas são sonhos também os sonhos que nunca vão deixar de ser em toda a vida e os sonhos são sonhos de fogueiras ao luar e amigos e ideais eternos e mochila nas costas e um caminhar eterno errante e livre por todos os lugares que a mente vagar dormindo em barracas sob estrelas que pulsam é se jogar dentro de um mar de liberdade e se deixar afogar sem pressa e ir contando as estrelas enquanto isso é ver todas as possibilidades do mundo e serem todas e todas elas possíveis depois vem a realidade e ela é dura e implacável e muitos pensam que ela mata os sonhos mas não nada os mata eles só se calam enquanto esperam por serem ouvidos novamente e enquanto isso a vida vira sobrevivência e são contas a pagar e responsabilidades e perpetuação e futuro e preocupação enquanto os sonhos dormitam e esperam pacientemente até que uma brisa e um certo cheiro de passado e nostalgia encha o vento de pensamentos e a tarde cor-de-rosa lembre o de tudo que não se fez e tudo passa porque é assim que é e sempre foi e a vida vira contemplação e a sabedoria sabe acordar os sonhos e vivê-los saboreando como uma fruta que nunca existiu e as águas continuam correndo muito rápidas sob todas as pontes do mundo e um dia a vida se foi num momento numa luz veloz e fugaz como uma estrela cadente num sonho.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Dia da Mulher - desenvolvendo melhor ou Pelo dia internacional do homem

Publiquei o post sobre o dia da mulher num período meio conturbado e só ventilei o que penso, sem maiores explicações. Não que eu deva explicações, mas só que eu acho que explicar é sempre bom...
Não tenho nada contra o dia da mulher. Nem nada contra as mulheres e nem poderia, já que sou uma. Mas não entendo o por quê de um dia específico para a mulher. O que estamos celebrando exatamente neste dia? O fato de centenas de mulheres terem sido queimadas vivas dentro de uma fábrica? Sem diminuir a dor e o sacrifício daquelas mulheres, o fato é que elas não foram queimadas por serem mulheres. Foram queimadas por serem trabalhadoras e estarem ousando reinvidicar direitos numa época em que não existia nem sombra do conceito de direito trabalhista. Homens, mulheres e crianças trabalhavam 15 horas por dia no mínimo, em condições sub-humanas, 7 dias por semana, sem direito a qualquer tipo de recesso. Elas estavam reinvidicando equiparação salarial com os colegas do sexo masculino. Mas se fossem homens e reinvidicassem salários decentes, teriam sido queimadas do mesmo jeito.
"A beleza de ser mãe...", "a capacidade de gerar vida". Legal, lindo. Mas existe beleza em ser pai também. Além do mais, celebramos estes itens no dia das mães. E, ainda por cima, ninguém gera a vida sozinha, vamos combinar isso.
Há também uma crença de que mulheres têm menos oportunidades ou recebem menos que seus pares do sexo masculino. Não sei o que dizer a respeito, pois esta é uma realidade que jamais enfrentei em minha vida. Muito pelo contrário, diga-se. E, diga-se também, que não é isto que eu observo nas pessoas de meu convívio.
O que eu observo é que as mulheres estão mais e mais poderosas. Vejo que as mulheres estão se impondo, muitas vezes até de forma tirânica sobre os homens de suas vidas. Vejo homens cada vez mais acuados e enfraquecidos. Vejo cada vez mais mulheres mandando, ordenando, organizando, decidindo sempre e tudo. E, quer saber? Não estou achando isso nada bom.
É. Não estou mesmo. Porque ao mesmo tempo, vejo mulheres cada vez mais implacáveis, cada vez mais exigentes e.... cada vez mais solitárias. Os homens estão sós. As mulheres estão sós. Quem está ganhando esta competição? Meninos ou meninas? Respondo: ninguém. Estamos todos perdendo. Perdendo tempo e convivência. Estamos perdendo a capacidade de amar e de conceder.
E, quer saber? Proponho criar o dia internacional do homem. Dedicado àqueles seres incompreendidos, sobre os quais pesa primeiramente o sustento da família, que precisam muitas vezes abrir mão do convívio familiar em nome do trabalho e ainda são hostilizados por isso. E que ainda por cima não têm o direito de chorar nem de demonstrar fraqueza.

A Bússola de Ouro, A Faca Sutil, A Luneta Âmbar

Terminei de ler a trilogia Fronteiras do Universo, do Philip Pullman, aquele da Bússola de Ouro. Excelente. Altamente recomendável a todas as pessoas que gostam de uma boa ficção. No melhor estilo “Senhor dos Anéis” você entra num universo fantástico, com personagens cativantes, complexos, bem construídos. Em A Bússola de Ouro começa a história de Lyra Belacqua, uma garota que vive num mundo que, num primeiro momento, você pensa ser o nosso, num passado recente. Pela descrição de máquinas, do modo de vida, das pessoas, tudo remete a um mundo.... “vintage”, vamos dizer assim.
E esta é descrição de Oxford e uma de suas faculdades, onde Lyra mora. E, de repente, Lyra se vê impelida a iniciar uma jornada para o Pólo Norte para resgatar seu amigo George de um misterioso grupo de raptores de crianças. Através desta jornada, ela conhecerá verdadeiramente seus pais, seu passado e terá um vislumbre de seu futuro.
Pulo para o próximo livro, A Faca Sutil que começa com um menino em um mundo que.... surpresa! é o nosso. Engraçado aqui é constatar que a descrição do mundo de Lyra é tão bem feita, tão bem construída que a descrição do nosso próprio mundo soa estranha, tudo parece duro e sem magia. Na Faca Sutil, Lyra conhece Bill, um garoto que cometeu um crime para proteger a mãe, que busca o pai, desaparecido desde que Bill era um bebê e que conquista uma estranha faca, capaz de abrir brechas entre os mundos. Juntos eles enfrentam espectros e vão procurar o pai de Bill e Lorde Asriel, pai de Lyra, que está preparando uma guerra contra a Autoridade. A Autoridade parece ser Deus, ou um conceito humanizado de Deus. E este é um grande mérito: deixar a imaginação do leitor livre para fazer as associações que quiser, coisa que Philip Pullman parece ser um mestre em fazer.
Em A Luneta Âmbar, vemos Lyra capturada e Bill determinado a reencontrar e libertar a amiga a qualquer custo. Vemos anjos, pequenos espiões guerreiros cavalgando libélulas, uma cientista que terá uma função vital: ser a serpente que tenta Eva. Como assim? Ah, você vai ter que ler.... Esta cientista/serpente sai em busca de sua missão, que ela nem sequer desconfia qual seja. E vai parar em um mundo, um universo paralelo, em que a natureza parece ter privilegiado outras formas, outras funções. Um mundo povoado de seres absurdamente diferentes, semelhantes a animais, porém dotados de consciência, inteligência avançada, delicadeza, sentimentos. Seres que formaram uma sociedade, com base em crenças, tais como a nossa.
A história fecha com a maturidade de Lyra. Ela começa A Bússola De Ouro como uma menina travessa e voluntariosa e termina A Luneta Âmbar como uma jovem moça, que teve que lidar com perdas e decepções e demonstra já uma plena consciência de seu papel no mundo e da conseqüência de seus atos, numa idade em que normalmente se encara os sentimentos como finalidade e justificativa para tudo. Este é um livro que não acaba depois que você lê a última página.

De volta depois de um periodozinho bem filho da mãe

Voltei.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Dia do quê?

Dia Internacional da Mulher. Você entende isto? Nem eu.
Parece coisa de gincana meninos-contra-meninas. Pois então, 8 de março é dia das meninas. Menino não tem dia, la-la-la-la-la-la. Bobeira.
Mas tudo bem. Gosto de ganhar presente e qualquer desculpa é boa para ganhar flores, ou jantar fora. Mas que eu não entendo, não entendo mesmo!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Tardes azuis

Tem alguma coisa nestas tardes azuis. O céu azul azul acaricia os olhos, a brisa fresca provoca a pele. Um punhado de nuvens distraídas se tinge de rosa lilás e outras cores improváveis e de repente tudo parece possível. O passado parece estar logo ali, o presente não está fugindo depressa em direção ao futuro e o futuro, grande imenso, espera calmamente. Tudo azul.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Digressão

Minha alma grita em reuniões.
Reuniões às vezes são necessárias. Mas taí uma coisa que contraria totalmente minha natureza.
Por força da necessidade, consigo me manter calma e até contribuir. Consigo até achar produtiva uma reunião que dura uma hora ou duas. Mas, passou disso, meu amigo... Minha alma grita, berra, em desespero.
Tenho medo que um dia alguém ouça....

Todo dia é uma estrada tortuosa

(...)
I've been swimming in a sea of anarchy
I've been living on coffee and nicotine
I've been wondering if all the things I've seen
Are even real. Has ever really have been real
(...)

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Em defesa dos vilões

Sou chegada num vilão. E quem não é? Todo mundo quer ser o mocinho ou a mocinha. Todo mundo quer estar certo. Mas, no fundo, no fundo, todo mundo ama o vilão. Talvez por ele mostrar o que é. Talvez por suas falhas e fraquezas, comuns a todos nós. Certamente nos identificamos muito com eles. Por menos que gostemos de reconhecer.





Seja você quem for
Acho que o bacana sobre os vilões é que eles são autênticos. Este certo desprezo pelas regras e pela moral, em doses homeopáticas, é bem charmoso.
Divido os vilões em dois tipos: os que sabem que são maus e os que acham que são bons.
No primeiro grupo, dos que se assumem maus, temos como exemplo clássico, o Coringa e, aliás, todos os vilões dos super-heróis. Eles são maus e gostam disso. E isto legitima a ação dos heróis. Sua maldade vem, muitas vezes, da revolta diante de injustiças ou fatalidades. E aí entra um componente interessante. Todos nós já nos revoltamos com alguma injustiça, seja ela social ou da vida mesmo. Mas não nos tornamos vilões. E, pensando assim, vem o alívio, a sensação de “ser bom” ou de, ao menos, estar acima de alguma coisa. A sensação de que algo bom em nossa essência é mesmo incorruptível.
No segundo grupo, o dos que acham que são bons, temos o Magneto. Ele não é guiado pela vontade de se vingar ou pelo ódio, muito embora o sentimento de revanche apareça muitas vezes. Ele tem um ideal, o de dar aos mutantes uma existência melhor, o direito de não se esconder. E por este ideal, ele é capaz de tudo. A vilanice, no caso, é questão de ponto de vista, de posição.
Meu bem, meu bem, meu mal
E é nisso que os vilões dão mesmo literalmente uma surra nos mocinhos, nos bonzinhos e demais “inhos”. Um mocinho nobremente abre mão de seu amor, de suas conquistas, de sua felicidade em nome de seus ideais. Um vilão abre mão de tudo isso, e mais ainda. Abre mão dos valores e ações que o tornam uma “boa pessoa” aos olhos dos outros. Os outros... sempre eles. Pois os vilões não dão a mínima para a aceitação.
Por um nada, por um pequeno detalhe, o mocinho se torna um mala. Mas não o vilão. Este é temido, odiado, mas nunca., nunca mesmo, aborrecido.

Aqueles que todos amam odiar
Alguns falam sobre a atração das pessoas pelos vilões como se fosse um fenômeno recente. Mas bons autores já sabiam disso há muito tempo. Vide Emily Bronte em seu O Morro dos Ventos Uivantes. Heathcliff e Cathy, protagonistas do romance, têm todas as características de bons vilões. São egoístas, manipuladores, cruéis. Heathcliff, capaz de explorar o próprio filho moribundo, faz questão absoluta de se vingar de todos os seus desafetos. Ele é incapaz de sentir compaixão ou de perdoar. E talvez, por isso mesmo, a idéia de seu amor por Cathy seja tão comovente.
Há uma coleção de livros infantis chamada “My Side of the Story”. É muito interessante. De um lado do livro, está a história tradicional (A Pequena Sereia, A Bela Adormecida, Cinderella, etc) e do outro a versão do vilão. O vilão explica suas motivações, desfaz mal-entendidos e reconhece suas fraquezas. Muito boa, esta idéia humaniza o vilão e expõe seus pontos de vista.
Voldemort, Dr. Evil, Bafo de Onça, Malvina Cruela, o que seria do mundo sem vocês?

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Happy Valentine's day!

Dia dos Namorados é uma loucura. Shoppings lotados, restaurantes lotados, cinemas lotados, motéis lotados. Para uma criatura bicho do mato como eu, avessa a multidões e acotovelamentos de qualquer tipo, é um stress total. Uma boa alternativa é o Valentine's day. Que é assim, tipo hoje, 14 de fevereiro.
Valentine's day, ou dia de São Valentino em bom português, é o dia dos namorados nos Estados Unidos e num bom punhado de outros lugares. São Valentino era um padre em Roma, durante o século III. Nesta época o imperador Claudio II, acreditando que homens solteiros eram melhores soldados do que os casados, proibiu o casamento de homens jovens. Não que ele pretendesse que as mulheres se casassem entre si, a intenção era que as mulheres se casassem somente com homens velhos. Imagino que a popularidade do tal imperador deve ter sido a mais baixa da história.
Pois São Valentino, super gente boa, achou aquilo uma tremenda sacanagem e seguiu casando as pessoas em segredo. Quando foi descoberto, foi executado. Virou, assim, um mártir dos enamorados. Existem outras versões para a história, mas esta é a mais legal.
O engraçado é que, nos países em que se celebra o Valentine's day, até as crianças participam. Mas não no sentido de sexualizar os relacionamentos e sim, no de expressar afeto. As crianças mandam seus cartões para os amigos, independentemente de serem ou não do mesmo sexo. A idéia é celebrar a existência do amor. E os desenhos animados traduzem o "Happy Valentine!" para "Feliz Dia do Amor!". Bonitinho.
E os adultos, bem, devem fazer o mesmo que fazemos aqui em 12 de junho.
Mas, fica a idéia: porque não celebrar mais um dia dos namorados? Qualquer desculpa é boa pra festejar.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Misturas bizarras que dão certo - top 5

1 - Chocolate com pão.
De alguma forma que não sei explicar, um pedaço de chocolate no meio de duas fatias de pão francês é um manjar dos deuses. Muito melhor que cada um dos elementos separados e completamente diferente do clássico pain et chocolat.

2 - Sorvete de creme com azeite.
Não torça o nariz, não. Combina, acredite! Verdade! Ah, não me olha assim, vai!

3 - Laranja com pão.
A suculência da laranja equilibra a secura do pão. O salgado do pão quebra o azedinho. Sacou?

4 - Carne seca com missô.
Exemplo perfeito de integração nipo-nordestina. É preciso tirar bem o sal da carne seca, mas sem neuras. E caprichar na cebola pra dar um toque adocicado.

5 - Macarronada amanhecida com cafezinho.
Freud deve explicar. Mas esta combinação cai tão bem! Só que alguns detalhes devem ser observados. A macarronada tem que ser do dia anterior. O molho tem que ser vermelho. O café tem que ser de coador. Deve-se usar açúcar e não adoçante no café. E, de preferência o macarrão não deve ser de grano duro.

Mais um serviço de utilidade pública Coisas Que Eu Acho.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Coisas que li - parte 6

Eu li o livro porque falaram mal do filme. Foi isso mesmo. Tanto ouvi falarem mal de 'ABússola de Ouro' que fiquei curiosa para ler o livro. Explico. Quem falava mal do filme em sua maioria eram pessoas que haviam lido o livro e se encantado com a história. E que concordavam que seria complicado recriar num filme o mundo fantástico descrito no livro.
Nisso não sei se concordo muito. Afinal, se conseguiram recriar muito bem o universo fantástico de 'O Senhor dos Anéis' e de ' Crônicas de Nárnia'.... bem. Mas ao livro. Ele realmente é maravilhoso. E o mundo descrito é mesmo fantástico.
Para começo de conversa tem os dimons. Os dimons são as almas das pessoas e as acompanham. Eles têm forma de um animal, que se fixa na puberdade. Durante a infância os dimons podem mudar de forma livremente. E a narrativa é conduzida de uma forma que você acha super normal alguém andar por aí com uma serpente enrolada no pescoço ou com uma mariposa voejando ao redor da cabeça. E conversar com eles. Lá pelo meio do livro você começa a achar estranho que você próprio não tenha um dimon, tão sensata a idéia lhe parece.
E tem o Pó, que ninguém sabe o que é e todos temem. Para alguns é a representação do pecado e da morte. Mas, a medida que a história prossegue você começa a achar que não é bem por aí. Mas desencana, porque até o final do livro nenhuma resposta definitiva aparece. E você então percebe que não vai ter jeito, você está fisgado e vai ter que ler as continuações: ' A Faca Sutil' e 'A Luneta Âmbar'.
E tem a história que, pensa bem, mostra uma menininha que vai cavando seu caminho sozinha até o Polo Norte (!!!) para salvar seu tio. E que aprende sozinha a ler o aletiômetro, a tal bússola dourada que mostra a verdade. Que enfrenta os gobblers, os caçadores e seus próprios pais, enquanto conquista a ajuda e a simpatia de ursos com armadura e feiticeiras. Pouco a pouco ela vai descobrindo sua própria história e sua jornada se transforma também.
E uma coisa se pode dizer de bom sobre o filme: o casting foi excelente. Enquanto eu lia o livro, sempre imaginava Lorde Asriel como Daniel Craig, Sra Coulter como Nicole Kidman, Serafina Pekkala como Eva Green. E Iorek Byrnisson como o urso da coca-cola.

Coisas que ouvi - Top 5

1 - I still haven't found what I am looking for - U2
2 - I´m walking in the shadow of the blues - Whitesnake
3 - Wild horses - Rolling Stones
4 - Jeunesse Doiree - The Phazz
5 - Closing Time - Semisonic

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Coisas que li - parte 5

Eu tinha dito que ia dar um tempo na temática árabe/talibã, depois de ler O Caçador de Pipas e A Cidade do Sol. Mas fazer o quê? Estou eu na livraria olhando aqui e acolá quando um livro chama minha atenção. Persépolis, de Marjane Satrapi. Abro o livro. É uma história em quadrinhos. Começo a ler e não consigo parar. Irresistível.
Persépolis, que virou uma animação e ganhou o prêmio do juri em Cannes, conta a história da própria autora, Marjane Satrapi. Filha de pais cultos e politizados, Marjane (ou Marji) vive todas as mudanças impostas pela revolução islâmica. De um dia para o outro é separada dos amiguinhos do sexo masculino e obrigada a usar véu. Marji tem grandes ambições: quer ser profeta e salvar o mundo. Quer ser a Justiça, o Amor e a Ira de Deus, com quem conversa todas as noites. Ama seu tio, que ficou preso durante 9 anos por ser comunista. E é a última pessoa a falar com ele, antes de ser executado.
Pelos olhos dela, vemos a descoberta do que há de pior no ser humano. Relatos de torturas, de perseguições, de injustiças, traições e preconceitos. Porém, o fato da ótica ser infantil ameniza o impacto. Relatos das pequenas coisas do dia-a-dia vão mostrando uma situação que vai se tornando cada vez mais opressiva e insustentável. Comprar pôsteres, ouvir música, usar tênis, tudo isso são coisas arriscadas, passíveis de prisão.
Num certo ponto você se pergunta por que raios eles não fogem. Por que não buscam asilo político? A resposta vem num diálogo entre os pais de Marji. A mãe levanta a questão de que eles talvez precisem fugir, como boa parte de sua família e de seus amigos. E o pai responde "Para eu ser motorista de táxi e você empregada doméstica? Não.". Faz sentido. É mais fácil fugir quando você não tem nada a perder. A família de Marji tem uma boa situação financeira. E esta possibilita que mandem Marji para estudar na Áustria aos 14 anos, quando sua rebeldia começa a se tornar um risco real.
E então, por um lado alívio pela liberdade. Por outro, as dores da adolescência somadas às da solidão e do exílio. Imaginem o que é ter 14 anos e se ver sem os pais pela primeira vez, em um país estranho, sem falar a língua local e com um abismo cultural separando-a dos demais adolescentes.
Uma coisa interessante é ver a capacidade de adaptação das pessoas a situações limite. Em meio a tantas proibições, ainda assim acha-se espaço para a alegria. Laboratórios caseiros produzem vinho. Na faculdade de belas artes não é permitido o uso de modelos humanos. Solução: a turma se reúne na casa de alguém e, janelas fechadas, um posa para o outro.
Marji consegue viver sua vida com integridade e sendo leal a si mesma, apesar das pressões para ser diferente, para se adequar em nome da segurança. E nesta história toda, é admirável a postura de seus pais. Eles deixam que ela viva com toda a liberdade. Eles permitem que ela faça suas escolhas e corra seus riscos. Eles a incentivam. E, ao mesmo tempo, a protegem.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Alalaô

Talvez eu ande meio mau humorada. Talvez eu ande meio cínica. Mas meus planos para a semana que vem incluem uma pilha de DVDs, um monte de livros, o rádio solidamente desligado e um rockzinho tocando o tempo todo.Espero não ser atingida por nenhum confete. Pretendo não ver nenhum desfile.
Chata? Talvez. Mas o fato é que nunca gostei de carnaval. Gosto muito de ter um feriado de 4 dias e meio. Mas não do carnaval.
Gente demais partilhando o mesmo espaço. Alegria demais, sem motivo nenhum. Isto me apavora um pouco. Onde todos vêem uma festa eu vejo mesmo é histeria coletiva. Vejo a exaltação das nossa piores qualidades. E tenho a impressão que a coisa toda piora a cada ano.
E tenho dito.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Algumas coisas

- Não postei muito nesta semana, mas tô de volta.

- Por enquanto esta edição do BBB está pra lá de chocha (xoxa, xocha, choxa... sei lá). Tô totalmente sem paciência.

- Acho um saco estes feriados municipais. Parte da minha vida fica de férias, parte da minha vida não. Um feriado municipal numa cidade enorme como São Paulo deveria abranger os municípios vizinhos. Eu ia gostar!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Heroes - finalmente!

A segunda temporada de Heroes começou. A série continua maravilhosa. Na primeira temporada havia o Sylar, serial killer que roubava os poderes dos outros "mutantes". No final, aparentemente o Sylar foi morto. Aparentemente, pois em Heroes, tudo pode acontecer. E nesta temporada, novos mistérios. Quem está eliminando os bam-bam-bans? Que vírus é esse que está se espalhando? Hiro vai conseguir ajudar Takezo Kensei? O que aconteceu com Peter Petrelli? Agora é isso: fico esperando pelas sextas-feiras.....

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Coisas que li - parte 4

Enquanto não começa a segunda temporada de "The Tudors" e a People and Arts não faz a gentileza de reprisar os capítulos (reprisar pra que, não é mesmo?) percebo que não faz sentido ficar sofrendo de curiosidade. Afinal de contas, os próximos acontecimentos são de domínio público! Bem, comecei então minha pequena pesquisa lendo "A Princesa Leal", de Philippa Gregory. O que não é bem uma pesquisa, já que o livro é um romance e não um relato histórico. Mas serviu pra entender melhor a complexidade da história entre Catarina de Aragão e Henrique VIII. Os interesses e motivações de cada um. A história de cada um. Este livro é um mergulho interessante na cabeça de Catarina e mostra como ela foi preparada, desde criança a ser uma rainha. E sua recusa em aceitar o que parecia ser o destino.

Assim que terminei, ataquei "O azul da virgem" de Tracy Chevalier. Li rapidinho, porque a estória é envolvente. Mas, na boa... Ah sei lá.... Não gostei muito. Superficial, batido. A parte mais interessante, que diz respeito à ligação entre Ella Turner e Isabelle Tournier, fica no ar e meio mal explicada. Aliás, insinua-se muito e explica-se pouco. A estória oscila entre romance, terror e suspense. E fica lá, oscilando até o fim, sem se definir. Quando virei a última página tive a impressão de que faltou alguma coisa.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Contos de fadas

Passamos a infância inteira lendo e ouvindo contos de fadas. Estorinhas fofas e frufrus com princesas lindas e bondosas que encontram seus príncipes encantados, casam-se e são felizes para sempre. Ahã. Mas convém não prestar lá muita atenção. Senão vejamos:

- Cinderela sofre feito um cão. Fica órfã, a madrasta a maltrata e toma para si todos os bens da família. Daí a fada madrinha a ajuda, ela vai ao baile, o príncipe e ela se apaixonam. No dia seguinte o príncipe a identifica pelo sapatinho de cristal, eles se casam e são felizes para sempre.
Mensagem: não lute pelos seus direitos, espere somente pela justiça divina. Aliás, não se preocupe em fazer um testamento que proteja seus filhos. A sorte cuida disso. E, ser identificada pelo número do sapato! Francamente. Pior que isso só se o príncipe a identificasse pela arcada dentária!

- A Bela Adormecida foi amaldiçoada por uma bruxa malvada que não havia sido convidada para sua festa de batizado. Uma fada amenizou a maldição: a princesa ficaria somente adormecida até que um beijo de amor verdadeiro a despertasse. O príncipe veio, a beijou, eles se casaram e foram felizes para sempre.
Mensagem: se o cara te salvou, nada importa: case-se com ele. E preste sempre muita atenção na lista de convidados.

- A Pequena Sereia desafia seu pai, abre mão de sua cauda para se tornar humana e poder ficar perto do príncipe. O príncipe se apaixona por ela e, após alguns percalços eles se casam e são felizes para sempre.
Mensagem: seus pais não sabem de nada e abrir mão de sua identidade é uma ótima idéia. O importante é casar. (olha o perigo....)

- Branca de Neve foi uma precursora da Cinderela. O pai também não se preocupou com o destino dela, que caiu nas garras de uma madrasta que de quebra era bruxa e malvada e quis matá-la por inveja. É pouco? Pois quando a madrasta conseguiu que ela fosse dada como morta, após 3 tentativas, os anões a colocam num caixão de vidro (coisa mórbida...). Um príncipe a vê, se encanta por ela, a beija, quebra o encanto e ela acorda. Daí eles se casam e são felizes para sempre.
Mensagem: confiar cegamente nos outros é legal. E príncipe necrófilo ainda assim é príncipe e tá valendo. O importante é casar.

E por aí vai. Tudo se resume a casar. Não importa que o príncipe seja tão desatento que só reconheça seu amor pelo número do sapato. Ou seja necrófilo. Ou que você precise abrir mão de quem você é. É assustador pensar que todo mundo recebe estas mensagens durante a infância. Talvez isso explique porque o mundo anda do jeito que está.
Mas também não acho que seja o caso de privar as crianças dos contos de fadas. Eles têm sua importância e eu estou exagerando, é claro. Só penso que, vez por outra, seria bom introduzir uma estória nova, atualizada. Uma princesa que se preocupe com outras questões além do amor eterno. Uma princesa que proponha se casar mais tarde, após concluir os estudos. Uma princesa que saiba se defender e lutar por seus direitos.
Eu, particularmente gosto da versão que eu creio ser a original da Pequena Sereia. Nela, a sereia troca a cauda por pernas, não somente pelo príncipe, mas por desejar ser humana e ter uma alma imortal. Mas nada dá certo. O príncipe se casa com uma outra princesa e a sereiazinha morre, sem ter conquistado sua alma. Triste. Mas ao menos mostra que devemos respeitar nossa própria natureza.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Comidas e sentimentos

Minha cunhada está viajando. Mochilando pela Europa, vendo e conhecendo um monte de coisas interessantes. E quase todo dia ela nos manda um "diário de bordo", com as peripécias do dia: onde ela está, o que está vendo, o que está amando, o que está detestando, enfim. Eu fico aqui esperando ansiosa pelos relatos do dia. Viajar, mesmo que pelos olhos de outra pessoa, é sempre gostoso.
Mas tem algo que quero saber e que ela não fala muito nos diários. Talvez por achar irrelevante. Sei lá. Sei que estou curiosa sobre Comida. Sim, com letra maiúscula, porque este pra mim é assunto dos mais importantes. Ela só deu uma dica: pediu pra minha sogra preparar arroz-feijão-bife quando ela voltar.
Esta dica diz muito e diz nada. Diz nada porque todo brasileiro que fica uma semana fora do país sente uma saudade atroz do arrozinho com feijão. Até quem normalmente não dá a mínima pra dupla. E diz muito porque significa que ela está com saudade. De casa, da família. De rostos conhecidos. De entender o que as pessoas falam.

A língua da comida
Acho que a comida diz muito sobre o lugar e sobre as pessoas. A culinária de um país diz mais sobre ele do que mil livros de história. Usa-se principalmente ingredientes frescos ou em conserva, defumados, curados? Privilegia-se o sabor original dos ingredientes, ou o uso de molhos e cremes? Qual a base da alimentação? Come-se normalmente em casa ou fora? Orgânicos? Industrializados? E quando você vai investigar o por quê, lá está a explicação, em algum lugar da história ou da geografia. E o que se come e como se come moldam os costumes. E vice-versa. Você chega na França e percebe que não adianta ter pressa. Um almoço normal consta de pelo menos três pratos, servidos separadamente e um depois do outro. Dificilmente o ritual leva menos de 2 horas. E pra que pressa? Tente pedir ao garçom para mandar tudo de uma vez e ele não vai entender e a culpa nem é do seu francês macarrônico. É que a idéia de comer tudo rapidinho ao mesmo tempo não faz sentido para ele. Você vai aos Estados Unidos e consegue fazer uma refeição em 15 minutos, de pé (aliás, andando). A comida é deliciosa, especialmente pra quem adora junk food como eu, mas depois de algum tempo você percebe que o frango a milanesa do restaurante A é exatamente idêntico ao do restaurante B. Que os temperos das saladas, apesar de deliciosos, são iguais em todos os lugares. Que tudo leva molho barbecue. O conceito de igualdade levado às últimas consequências? Talvez...

Memória gustativa
Comida, sentimento e memória estão interligados. São inseparáveis. Sabores de infância trazem conforto e segurança durante a vida toda. Os meus são pão com manteiga e café, frango a passarinho, purê de batata e polenta. Pão de minuto. Sonho.

Kid's Menu
Quem viaja com crianças sabe como é. A gente fica procurando opções menos "estranhas" para eles. Coisas menos picantes ou pesadas, que não irritem um estômago normalmente mais delicado. Mas, quase sempre, o tal kid's menu é uma tristeza. É só blablablá com fritas. Queijo quente com fritas (e isso lá é almoço?). Sanduíche de pasta de amendoim com fritas. Salsicha com fritas. Fritas com fritas. Daí a gente desencana e divide o nosso prato com a criança. Ela adora e come super bem. E, ironicamente, nós, adultos, é que acabamos mal do estômago/fígado. Enquanto as tais crianças de estômago delicado nem acusam o golpe.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Crime do Masp - um comentário inútil

Quem assistiu Onze Homens e um Segredo e não saiu do cinema com vontade de assaltar um cassino? Hein? Aquele plano brilhante, a execução perfeita, o trabalho em equipe, a esperteza, o charme. Daí, você chacoalha a cabeça e se lembra de que os caras são bandidos. Tão bandidos quanto aquele pé-de-chinelo-banguela-semi-analfabeto-que-rouba-celular-e-se-acha-muito-esperto. Mas, imagine que os Onze Homens tivessem sido presos. E que tivessem ficado na mesma cela do tal pé-de-chinelo. O moleque olhando para os Onze, os olhinhos brilhando de admiração, pedindo para saber como foi o plano, quem fez o que, como bolaram o plano? E os Onze olham pro moleque e respondem: "Você não entenderia. ". E é verdade, o pé-de-chinelo não ia entender nunca. E ele continua olhando para os Onze, deslumbrado.
Agora imagine o pé-de-chinelo de novo só que agora na mesma cela dos assaltantes do Masp. Quando fica sabendo que eles assaltaram o maior museu da América Latina, ele olha para os caras, os olhinhos brilhando de admiração, pedindo para saber como foi o plano, quem fez o que, como bolaram o plano? E eles respondem: "Ah, abrimos a porta com um macaco hidráulico, tiramos os quadros da parede, enfiamos debaixo do braço e saímos andando.". Anti-clímax total.

BBB, Heroes e eleições americanas

- A cada edição do BBB, o Kibeloco cria o fantástico BBBizarro. Você está lá assistindo BBB e acha aquele cara meio parecido... com quem mesmo? E aquela menina, parece a... qual o nome mesmo? Pois então. O BBBizarro responde estas importantes questões pra você.

- Faltam 24 horas e 42 minutos para a nova temporada de Heroes.

- O Biscoito Fino e a Massa explicou bem explicadinho o perfil de cada um dos candidatos à presidência americana. Até eu entendi.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Sabores inesquecíveis - Top 5

5 - Moqueca de lagosta em Jericoacoara.
Em uma tarde quente de janeiro, há quase 15 anos, eu estava sentada num restaurantezinho bem pequeno, simples e familiar a beira do mar, em Jericoacoara. Na época, Jeri começava a ser conhecida. O lugar estava se preparando para receber turistas. Os poucos hotéis da época ofereciam uma estrutura pouco melhor do que os albergues em que eu estava ficando naquelas férias. Sentei-me numa mesinha praticamente na areia e pedi a tal moqueca. Mal sabia eu que em poucos minutos eu estaria saboreando um caldo de aroma indescritível, e uma quantidade surpreendente de carne de lagosta, fresquíssima, tenra, no ponto exato. Acompanhando, a indefectível cerveja abaixo de zero. Ah....

4 - Arroz com carne moída
Estávamos nos preparando para subir o Pico da Bandeira. Para tal, passamos o dia inteiro caminhando, subindo morro, descendo morro, nadando em cachoeira, andando, andando e andando. Até chegarmos no acampamento ao pé do pico, onde dormiríamos até as 3:00 da matina, quando começaríamos a subida propriamente dita. Bem, apesar da mordomia de não carregarmos nossas barracas, isolantes térmicos, casacos, agasalhos extras e pantufas de coelhinho, que já haviam sido despachadas de mula (vantagem em se fazer ecoturismo com pacote turístico), estávamos m-o-r-t-o-s de cansaço e famintos. Olhando ao redor, víamos as outras pessoas, que haviam ido por conta própria, degustando suas sopas maggi. Olha, aquilo já parecia um manjar dos deuses. Mas o que aconteceu foi que, enquanto estávamos decidindo se tomávamos banho ou não, já que o sol já tinha se posto, o vento estava gelado e o que saía dos chuveiros disponiveis era a mais pura e gélida água mineral.... os guias estavam preparando a comida. Que nós imaginávamos ser a tal sopa em pó mesmo. Mas, surpresa: tinha arroz, carne moída, milho e ervilha. E tudo quentinho! Gente, naquele momento, aquela era a melhor comida do mundo, comemos como um bando de refugiados de guerra. Durante esta viagem, esta refeição só empatou com o café da manhã do dia seguinte: capuccino quentinho e pão com manteiga, vendo o sol nascer no topo do pico.

3 - Crepe de rua em Paris
Lua de mel. Cidade Luz. Só isso já bastava. Mas não. Tinha mais, muito mais! Eu sou fã de comida de rua. Gosto mesmo. Evito aquelas coisas muito perniciosas, que podem levar à salmonela ou à morte fulminante. Mas confesso que salivo toda vez que passo por uma máquina de churrasquinho grego. E Paris tem boa comida de rua. Hot dogs de respeito, feitos com salsicha de qualidade e beeeem maiores que o pão. Sanduíches frios, prontos, a preços populares e recheados com presunto de parma, queijo brie, pecorino. E crepes! Deliciosos, assados na hora, com queijo e presunto e salpicados de pimenta do reino fresca. E acompanhado de uma taça de vinho. Tão simples e tão bom. Em boa companhia, em um lugar lindo, melhor ainda.

2 - Espaguete a putanesca
Foi o primeiro prato que um namorado preparou para mim. E preparou tão bem que virou marido.

1 - Frango a passarinho da minha mãe
Eterno. Este é um sabor de infância, um tipo especial de comfort food. Engraçado que quando se fala em comford food, penso logo em coisas cremosas, que não exijam muita mastigação. Mas fazer o que, meu comfort food é diferente. Comer o frango a passarinho que minha mãe faz (e só vale este, nenhum outro funciona) é voltar ao tempo em que se parava o carro no acostamento para fazer um lanchinho nas viagens. É voltar às viagens em família, todos juntos no carro, olhando pela janela, esperando pelo primeiro pedacinho de mar aparecer. É voltar a um tempo mais simples e mais fácil. É comer um belo bocado de nostalgia. Até hoje, quando fico meio desanimada, ou cansada ou qualquer coisa do gênero, sinto vontade de provar um daqueles pedacinhos dourados, crocantes, sequinhos e perfeitamente temperados de frango.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Harry Potter

Amo. Adoro. Os livros. Os filmes. Tudo. A estória tem rombos de 5 km de diâmetro, mas nem ligo. Tem alguns diálogos didáticos e um bocado cansativos. Mas novamente, nem ligo. Acho que isto é o que define este tipo de leitura. É uma leitura de entretenimento. Você quer se manter envolvido naquele mundo, naquela estória. E só. Você quer diversão. E só. É como quando você quer comer um hamburguer com fritas e coca-cola. Você não está interessado no valor nutricional, na harmonização dos sabores e nem no talento do chef. Você só quer o sabor, o crocante, o salzinho. O que não significa que você não saiba apreciar um bom prato ou um sabor mais sofisticado. Sim, você sabe. Mas não agora.

A Menina que Roubava Livros

Contrariando algumas sugestões (né, Shi? não adiantou... era esse que eu queria ler...), terminei de ler A Menina que Roubava Livros. Triste, muito triste. A Morte, narradora da estória, definiu bem a tal menina: "uma especialista em ser deixada para trás". Porque é isso que vai acontecendo ao longo da estória. Um a um, todos os que a amam vão partindo. Novas pessoas chegam somente para partir logo depois. A narrativa é bem feita. Como disse, a Morte é quem narra a estória e ela gosta de cores. Logo no começo, ela explica que primeiro ela enxerga as cores e, somente depois, os contornos. Os comentários dela, aqui e ali, descrevendo a cor de uma alma resgatada, ou do céu, ou do horizonte ressaltam ainda mais a sensação de que todo o resto, da paisagem e do mundo, é cinza. Tudo é cinza, tudo é frio. A fome está sempre lá, espreitando. Sempre. Na descrição da eterna sopa rala de ervilha, do menino constantemente esfomeado, das costelas e omoplatas aparentes, das porções cuidadosamente calculadas. O final não traz alívio nem explicação. Somente uma pequena alegria, que de tão pequena comparada às catástrofes e abandonos em sua vida, é quase nula. E o que há para se explicar numa estória já tão explorada? A estória de Liesel, a ladra de livros, é a estória de muitos. É a estória de todos os párias.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Papo de anjo

- Então... você é um anjo, é?
- É. Sou.
- Cadê suas asas?
O anjo suspirou e revirou os olhos. E ele que nem sabia que anjos reviravam os olhos...
- Sempre esta pergunta! Que coisa. Quando você fala que é um bípede alguém pede pra ver suas pernas? Que grosseria. Francamente!
A indignação angelical é uma coisa surpreendente.
- Desculpe aí, foi mal....
- Tudo bem, sem problema.
- É que, sei lá. Nunca estive assim, cara a cara com um anjo. Tenho tanta coisa pra perguntar que nem sei por onde começar.
- Pode perguntar o que quiser. Só, por favor, vamos excluir perguntas anatômicas, ok? Parece que vocês humanos só conseguem pensar nisso: o sexo dos anjos, o umbigo de Adão, asas...
Quem diria: anjos também têm perguntas proibidas.
- Não é pergunta proibida. É só que tem coisas muito mais relevantes para o público. Por que não falar sobre nosso trabalho?
E não é que eles lêem pensamentos?
Novo suspiro, novo revirar de olhos. Resolvo fazer logo minha pergunta, antes que o anjo perca a paciência.
- Olha, se Vossa Santidade...
- Vossa Santidade? E eu lá sou papa?!
- Desculpe, mas nunca falei com um anjo antes, não sei como me dirigir a vocês....
- Tudo bem, tudo bem. Pode me chamar de Zé.
- O quê?
- Algum problema com meu nome?
O anjo já estava ficando irritado novamente. Eu só estou dando fora!
- É que achei que nome de anjo terminasse sempre com "el". Sabe como é... Lelahiel, Helahiel, Ahadiel....
E agora foi minha vez de ficar invocado com a risadinha zombeteira do anjo.
- Ah, isso... foi coisa do Miguel, aquele piadista. Pegou um humano impressionável e deu a entender que todos os nomes rimavam com os dele. Sabe como é. Tirando um sarro. Daí o cara levou a coisa sério, como uma revelação e divulgou no mundo todo. Hahaha.
- Hum. Ok. Certo.
Fazer o que. Fiquei desconcertado.
- Olha... Zé... o que eu quero saber é qual a função de vocês aqui na Terra.
- E qual a sua função aqui na Terra?
- A minha?
- É, a sua.
- Não sei...
- Se você não sabe nem a sua, por que quer saber a minha?
- É que... ahn... eu...
- Próxima pergunta.
- Hum, bem. Vocês existem desde o início do universo?
- Sinto muito mas não posso responder a esta pergunta.
- Por que não?
- Restrição contratual.
- ?
- É. Há uma cláusula de confidencialidade no meu contrato de trabalho que devo respeitar. Esta pergunta viola a cláusula.
- Contrato de trabalho? Vocês também têm isso?
- Claro, por que não? Também temos direitos, oras.
Momento de silêncio.
- Então, vai me fazer mais alguma pergunta? Minha agenda é meio cheia.
Pra falar a verdade, eu estava ficando sem perguntas. As poucas respostas invalidaram as outras perguntas. As que não foram invalidadas eram de cunho anatômico. Não sabia o que perguntar.
- Posso sugerir uma?
- Hã?
- Posso sugerir uma pergunta, já que você está sem idéias?
- Sim, claro....
- Pergunte meu sabor preferido de sorvete.
- Sabor de sorvete?
O anjo estava exasperado. Divertido, mas exasperado.
- É impressionante como vocês humanos não se interessam pelas coisas relevantes!
- Bem, então, qual o seu sabor preferido de sorvete?
- Flocos! - repondeu o anjo, feliz por eu ter finalmente parado de fazer perguntas cretinas.
- Agora, sinto muito mas seu tempo acabou. Preciso ir. Outros compromissos...
- Ah. Certo. Obrigado... Zé.
***
Entrevistar um anjo foi muito mais difícil e revelador do que eu imaginava. Eu ainda fiquei observando enquanto o Zé ia embora, para ver se ele ia se desmaterializar, ou sair voando, sei lá. Para minha decepção, ele levantou o braço para chamar um táxi, entrou e partiu acenando. Na minha decepção, por pouco não vejo uma grande pena branca, muito macia e brilhante, vir voando devagar, flutuando graciosamente no ar. E parar finalmente na ponta do meu nariz.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Coisas que li (e ouvi) - parte 3

Gosto de música brega dos anos 70. Pronto. Falei. Quase todo mundo que me conhece já sabia, mas quem não sabia ficou sabendo. Isto é praticamente um atestado de mau gosto, mas em minha defesa, digo que só ouço músicas péssimas com fone de ouvido, para não incomodar meu semelhante. Ou sozinha. Ouvir alto e cantar junto, só mesmo no trânsito, onde posso incomodar apenas os motoboys. Mas eles merecem, então tá tudo certo.

Pois então tem uma música que eu adorava quando era adolescente. Era cantada por uma mulher de voz estridente e eu achava o máximo. Por muito tempo cantarolei esta música em embromation, já que não sabia, nem entendia a letra. Pra piorar, não sabia nem o nome da música nem da cantora (como é que a gente sobrevivia sem a internet, hein?). Um dia descobri: “Wuthering Heights” de Kate Bush. De quebra descolei a letra. Beleza, já podia cantar junto, mas não entendia patavinas. Que é isso? Uma mulher chamada Cathy, avisando para um tal de Heathcliff que estava voltando pra casa e pra ele deixá-la entrar pela janela? Por que? Por que não entrar pela porta? Oras pois!

O tempo passou e fui ficando mais sábia (hahaha!). Um dia, li “O Morro dos Ventos Uivantes” de Emily Brontë e fez-se a luz! Tcharã! O nome original é, adivinhem!, “Wuthering Heights” e conta a trágica estória de amor de Heathcliff e Cathy, que descambou num amontoado de ódios, ressentimentos, vinganças e destruição.

Confesso que entender o mistério da música tirou um bocado da graça, além de expor ainda mais claramente a má qualidade da letra, mas fazer o que? A sabedoria tem seu preço....

Dia desses, navegando pelos sites que eu curto, entrei neste, que amo e encontrei uma coletânea dos piores vídeos de dancinhas na web. Hilário. Segue o link para quem quiser rir também. E qual era uma das piores dancinhas? A própria Kate Bush dançando no vídeo clipe de “Wuthering Heights”, devidamente acompanhada por Marcos Mion no programa “Piores Clipes do Mundo”. Só pra não deixar dúvidas, a Kate é a da direita, tá? Segue também a letra e a tradução, pra ninguém perder nenhuma nuance da fantástica interpretação da Kate Bush.



Out on the wiley, windy moors
Lá fora nos pântanos tempestuosos,

We'd roll and fall in green
Nós giraríamos e cairíamos no gramado.

You had a temper, like my jealousy
Você tinha um temperamento como meu ciúme,

Too hot, too greedy
Ardente demais, ávido demais.

How could you leave me?
Como você pôde me abandoner

When I needed to possess you
Quando eu precisava possuir você?

I hated you, I loved you too
Eu te odiei, eu te amei também.

Bad dreams in the night
Sonhos ruins à noite,

They told me I was going to lose the fight
Eles me revelaram que eu perderia a briga,

Leave behind my wuthering, wuthering,
Deixaria para trás meus tempestuosos, tempestuosos

Wuthering Heights
Morros tempestuosos

Heathcliff, it's me, your Cathy I am coming home
Heathcliff, sou eu, Cathy, estou voltando para casa.

I'm so cold, let me in your window
Sinto tanto frio, me deixe entrar em sua janela.

Oh it gets dark, it gets lonely
Oh, fica escuro, fica solitário

On the other side from you
Do outro lado, longe de você.

I pine a lot, I find the lot
Eu sinto tanta saudade, eu percebo que o destino

Falls through without you
Fracassa sem você.

I'm coming back love, cruel Heathcliff
Estou voltando amor, cruel Heathcliff,

My only one dream, my only master
Meu único sonho, meu único senhor.

Too long I roam in the night
Há muito tempo eu vagueio pela noite,

I'm coming back to his side to put it right
Estou voltando para o lado dele, para consertar isso.

I'm coming home to wuthering, wuthering,
Estou voltando para casa, para os tempestuosos, tempestuosos

Wuthering Heights
Morros tempestuosos

Heathcliff, it's me, your Cathy I am coming home
Heathcliff, sou eu, Cathy, estou voltando para casa.

I'm so cold, let me in your window
Sinto tanto frio, me deixe entrar em sua janela.

Oh let me have it, let me grab your soul away
Oh, me deixe possuí-la, me deixe levar sua alma embora.

Oh let me have it, let me grab your soul away
Oh, me deixe possuí-la, me deixe levar sua alma embora.

You know it's me, Cathy
Você sabe que sou eu, Cathy.

Heathcliff, it's me, Cathy I am coming home
Heathcliff, sou eu, Cathy, estou voltando para casa.

I'm so cold, let me in your window
Sinto tanto frio, me deixe entrar em sua janela....

Séries e mais séries

Tem história...

Comentei meio por cima que andei assistindo uma série excelente: "The Tudors". E você vê que uma série é excelente quando a temporada acaba e os espectadores não se conformam. A série tem sido exibida pela People and Arts e a primeira temporada teve apenas 10 capítulos. Quando acabou, um monte de gente postou reclamações iradas no site da emissora. Eles não acreditaram que aquele tinha sido mesmo o fim da temporada e que agora, dançou, só ano que vem (no caso, 2008).
Tudo bem que o Henrique VIII da série é meio bonitão e sarado demais. Sei lá se a estória é coerente com a história (aliás, who cares?). Mas é tudo muito bem feito, dramático e sexy (e eu que só fui descobrir agora que aos domingos passava a versão "sem cortes" do dito cujo... é pessoas, versão sem cortes, imaginem vocês...).

Tem mistério...

E Heroes? Que finalmente, aleluia, aleluia, volta a passar dia 11 de janeiro? E Lost? São as melhores séries de mistério. Teve um período que eu dei uma desencanada de Lost, achei que estavam perdendo a mão e fui assistindo meio no automático. Mas daí veio o último capítulo da temporada e a redenção. Os caras são bons mesmo, apesar de terem matado o Santoro tão cedo, deixando a ilha bem menos gost.... digo bonita.
Agora, quero, preciso saber o que aconteceu com aquele povo todo. Hiro Nakamura voltou pro Japão medieval? Jack saiu mesmo da ilha? Peter e Nathan morreram? Quem eram as pessoas no barco? E aquele pé gigantesco com 4 dedos?

Tem bobeira...

Não sei se vocês concordam comigo, mas todo mundo precisa esvaziar o cérebro de vez em quando. Nestes momentos, temos duas opções: série humorísticas e bobeirol. Os humorísticos nunca mais foram os mesmos depois de "Friends". Até que tentam e de quando em quando surge um "Two and a half man" ou um "How I met your mother"... mas ainda não compensaram a falta que Joey, Ross, Monica, Rachel, Phoebe e Chandler fazem. Já no bobeirol ninguém bate "Girls of the Playboy Mansion". É ótimo. É engraçado. Você vai assistindo e quase dá pra sentir o cérebro sendo esvaziado. Só sobra aquele pensamento : "é bom ser Hugh Refner....".

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

BBB

Pois é. Lá vem. Eu sempre começo dizendo que não assisto. Que é perda de tempo. E outros quetais. Mas daí.... Bom, sabe como é. Estou zapeando e acabo passando por lá daí acabo ficando meio interessada, daí assisto um pouquinho aqui, outro pouquinho ali. Mas meu interesse é puramente sociológico e comportamental. Claaaaaro!
Vamos lá: quem não gosta de uma boa fofoca? Só que pessoas civilizadas e educadas e gentis não ficam futricando a vida alheia. É feio. Exceto... se o outro permitir. Aliás, se o outro pedir que você xerete sua vida, expondo-a no horário nobre. É irresistível, não é? Eu acho.
Acho também que algumas edições são meio chochas (é assim que se escreve?). Os participantes tentam ser certinhos, politicamente corretos e daí trata-se simplesmente de escolher o menos mala (ou o mais "necessitado" - odeio isso). Mas algumas são excelentes. Tem que ter um vilão, alguém mal-intencionado, duas caras, maquiavélico (estilo "senado", sabe como é?). Tem que ter uma bitch, uma bonitinha, egoistinha, folgadinha, que todo mundo ame odiar, mas que não sai porque o público masculino não deixa. Tem que ter um punhado de bocós que se agrupem em torno de um e de outro. Tem que ter um grupo de bonzinhos que lave a louça, limpe a casa, seja injustiçado (tipo Cinderela) e que, no fim, seja salvo pelo público.

Vou lá buscar a pipoca.