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sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Alô! Tem alguém aí?

tem?

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Tardes azuis

Tem alguma coisa nestas tardes azuis. O céu azul azul acaricia os olhos, a brisa fresca provoca a pele. Um punhado de nuvens distraídas se tinge de rosa lilás e outras cores improváveis e de repente tudo parece possível. O passado parece estar logo ali, o presente não está fugindo depressa em direção ao futuro e o futuro, grande imenso, espera calmamente. Tudo azul.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Digressão

Minha alma grita em reuniões.
Reuniões às vezes são necessárias. Mas taí uma coisa que contraria totalmente minha natureza.
Por força da necessidade, consigo me manter calma e até contribuir. Consigo até achar produtiva uma reunião que dura uma hora ou duas. Mas, passou disso, meu amigo... Minha alma grita, berra, em desespero.
Tenho medo que um dia alguém ouça....

Todo dia é uma estrada tortuosa

(...)
I've been swimming in a sea of anarchy
I've been living on coffee and nicotine
I've been wondering if all the things I've seen
Are even real. Has ever really have been real
(...)

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Em defesa dos vilões

Sou chegada num vilão. E quem não é? Todo mundo quer ser o mocinho ou a mocinha. Todo mundo quer estar certo. Mas, no fundo, no fundo, todo mundo ama o vilão. Talvez por ele mostrar o que é. Talvez por suas falhas e fraquezas, comuns a todos nós. Certamente nos identificamos muito com eles. Por menos que gostemos de reconhecer.





Seja você quem for
Acho que o bacana sobre os vilões é que eles são autênticos. Este certo desprezo pelas regras e pela moral, em doses homeopáticas, é bem charmoso.
Divido os vilões em dois tipos: os que sabem que são maus e os que acham que são bons.
No primeiro grupo, dos que se assumem maus, temos como exemplo clássico, o Coringa e, aliás, todos os vilões dos super-heróis. Eles são maus e gostam disso. E isto legitima a ação dos heróis. Sua maldade vem, muitas vezes, da revolta diante de injustiças ou fatalidades. E aí entra um componente interessante. Todos nós já nos revoltamos com alguma injustiça, seja ela social ou da vida mesmo. Mas não nos tornamos vilões. E, pensando assim, vem o alívio, a sensação de “ser bom” ou de, ao menos, estar acima de alguma coisa. A sensação de que algo bom em nossa essência é mesmo incorruptível.
No segundo grupo, o dos que acham que são bons, temos o Magneto. Ele não é guiado pela vontade de se vingar ou pelo ódio, muito embora o sentimento de revanche apareça muitas vezes. Ele tem um ideal, o de dar aos mutantes uma existência melhor, o direito de não se esconder. E por este ideal, ele é capaz de tudo. A vilanice, no caso, é questão de ponto de vista, de posição.
Meu bem, meu bem, meu mal
E é nisso que os vilões dão mesmo literalmente uma surra nos mocinhos, nos bonzinhos e demais “inhos”. Um mocinho nobremente abre mão de seu amor, de suas conquistas, de sua felicidade em nome de seus ideais. Um vilão abre mão de tudo isso, e mais ainda. Abre mão dos valores e ações que o tornam uma “boa pessoa” aos olhos dos outros. Os outros... sempre eles. Pois os vilões não dão a mínima para a aceitação.
Por um nada, por um pequeno detalhe, o mocinho se torna um mala. Mas não o vilão. Este é temido, odiado, mas nunca., nunca mesmo, aborrecido.

Aqueles que todos amam odiar
Alguns falam sobre a atração das pessoas pelos vilões como se fosse um fenômeno recente. Mas bons autores já sabiam disso há muito tempo. Vide Emily Bronte em seu O Morro dos Ventos Uivantes. Heathcliff e Cathy, protagonistas do romance, têm todas as características de bons vilões. São egoístas, manipuladores, cruéis. Heathcliff, capaz de explorar o próprio filho moribundo, faz questão absoluta de se vingar de todos os seus desafetos. Ele é incapaz de sentir compaixão ou de perdoar. E talvez, por isso mesmo, a idéia de seu amor por Cathy seja tão comovente.
Há uma coleção de livros infantis chamada “My Side of the Story”. É muito interessante. De um lado do livro, está a história tradicional (A Pequena Sereia, A Bela Adormecida, Cinderella, etc) e do outro a versão do vilão. O vilão explica suas motivações, desfaz mal-entendidos e reconhece suas fraquezas. Muito boa, esta idéia humaniza o vilão e expõe seus pontos de vista.
Voldemort, Dr. Evil, Bafo de Onça, Malvina Cruela, o que seria do mundo sem vocês?

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Happy Valentine's day!

Dia dos Namorados é uma loucura. Shoppings lotados, restaurantes lotados, cinemas lotados, motéis lotados. Para uma criatura bicho do mato como eu, avessa a multidões e acotovelamentos de qualquer tipo, é um stress total. Uma boa alternativa é o Valentine's day. Que é assim, tipo hoje, 14 de fevereiro.
Valentine's day, ou dia de São Valentino em bom português, é o dia dos namorados nos Estados Unidos e num bom punhado de outros lugares. São Valentino era um padre em Roma, durante o século III. Nesta época o imperador Claudio II, acreditando que homens solteiros eram melhores soldados do que os casados, proibiu o casamento de homens jovens. Não que ele pretendesse que as mulheres se casassem entre si, a intenção era que as mulheres se casassem somente com homens velhos. Imagino que a popularidade do tal imperador deve ter sido a mais baixa da história.
Pois São Valentino, super gente boa, achou aquilo uma tremenda sacanagem e seguiu casando as pessoas em segredo. Quando foi descoberto, foi executado. Virou, assim, um mártir dos enamorados. Existem outras versões para a história, mas esta é a mais legal.
O engraçado é que, nos países em que se celebra o Valentine's day, até as crianças participam. Mas não no sentido de sexualizar os relacionamentos e sim, no de expressar afeto. As crianças mandam seus cartões para os amigos, independentemente de serem ou não do mesmo sexo. A idéia é celebrar a existência do amor. E os desenhos animados traduzem o "Happy Valentine!" para "Feliz Dia do Amor!". Bonitinho.
E os adultos, bem, devem fazer o mesmo que fazemos aqui em 12 de junho.
Mas, fica a idéia: porque não celebrar mais um dia dos namorados? Qualquer desculpa é boa pra festejar.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Misturas bizarras que dão certo - top 5

1 - Chocolate com pão.
De alguma forma que não sei explicar, um pedaço de chocolate no meio de duas fatias de pão francês é um manjar dos deuses. Muito melhor que cada um dos elementos separados e completamente diferente do clássico pain et chocolat.

2 - Sorvete de creme com azeite.
Não torça o nariz, não. Combina, acredite! Verdade! Ah, não me olha assim, vai!

3 - Laranja com pão.
A suculência da laranja equilibra a secura do pão. O salgado do pão quebra o azedinho. Sacou?

4 - Carne seca com missô.
Exemplo perfeito de integração nipo-nordestina. É preciso tirar bem o sal da carne seca, mas sem neuras. E caprichar na cebola pra dar um toque adocicado.

5 - Macarronada amanhecida com cafezinho.
Freud deve explicar. Mas esta combinação cai tão bem! Só que alguns detalhes devem ser observados. A macarronada tem que ser do dia anterior. O molho tem que ser vermelho. O café tem que ser de coador. Deve-se usar açúcar e não adoçante no café. E, de preferência o macarrão não deve ser de grano duro.

Mais um serviço de utilidade pública Coisas Que Eu Acho.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Coisas que li - parte 6

Eu li o livro porque falaram mal do filme. Foi isso mesmo. Tanto ouvi falarem mal de 'ABússola de Ouro' que fiquei curiosa para ler o livro. Explico. Quem falava mal do filme em sua maioria eram pessoas que haviam lido o livro e se encantado com a história. E que concordavam que seria complicado recriar num filme o mundo fantástico descrito no livro.
Nisso não sei se concordo muito. Afinal, se conseguiram recriar muito bem o universo fantástico de 'O Senhor dos Anéis' e de ' Crônicas de Nárnia'.... bem. Mas ao livro. Ele realmente é maravilhoso. E o mundo descrito é mesmo fantástico.
Para começo de conversa tem os dimons. Os dimons são as almas das pessoas e as acompanham. Eles têm forma de um animal, que se fixa na puberdade. Durante a infância os dimons podem mudar de forma livremente. E a narrativa é conduzida de uma forma que você acha super normal alguém andar por aí com uma serpente enrolada no pescoço ou com uma mariposa voejando ao redor da cabeça. E conversar com eles. Lá pelo meio do livro você começa a achar estranho que você próprio não tenha um dimon, tão sensata a idéia lhe parece.
E tem o Pó, que ninguém sabe o que é e todos temem. Para alguns é a representação do pecado e da morte. Mas, a medida que a história prossegue você começa a achar que não é bem por aí. Mas desencana, porque até o final do livro nenhuma resposta definitiva aparece. E você então percebe que não vai ter jeito, você está fisgado e vai ter que ler as continuações: ' A Faca Sutil' e 'A Luneta Âmbar'.
E tem a história que, pensa bem, mostra uma menininha que vai cavando seu caminho sozinha até o Polo Norte (!!!) para salvar seu tio. E que aprende sozinha a ler o aletiômetro, a tal bússola dourada que mostra a verdade. Que enfrenta os gobblers, os caçadores e seus próprios pais, enquanto conquista a ajuda e a simpatia de ursos com armadura e feiticeiras. Pouco a pouco ela vai descobrindo sua própria história e sua jornada se transforma também.
E uma coisa se pode dizer de bom sobre o filme: o casting foi excelente. Enquanto eu lia o livro, sempre imaginava Lorde Asriel como Daniel Craig, Sra Coulter como Nicole Kidman, Serafina Pekkala como Eva Green. E Iorek Byrnisson como o urso da coca-cola.

Coisas que ouvi - Top 5

1 - I still haven't found what I am looking for - U2
2 - I´m walking in the shadow of the blues - Whitesnake
3 - Wild horses - Rolling Stones
4 - Jeunesse Doiree - The Phazz
5 - Closing Time - Semisonic

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Coisas que li - parte 5

Eu tinha dito que ia dar um tempo na temática árabe/talibã, depois de ler O Caçador de Pipas e A Cidade do Sol. Mas fazer o quê? Estou eu na livraria olhando aqui e acolá quando um livro chama minha atenção. Persépolis, de Marjane Satrapi. Abro o livro. É uma história em quadrinhos. Começo a ler e não consigo parar. Irresistível.
Persépolis, que virou uma animação e ganhou o prêmio do juri em Cannes, conta a história da própria autora, Marjane Satrapi. Filha de pais cultos e politizados, Marjane (ou Marji) vive todas as mudanças impostas pela revolução islâmica. De um dia para o outro é separada dos amiguinhos do sexo masculino e obrigada a usar véu. Marji tem grandes ambições: quer ser profeta e salvar o mundo. Quer ser a Justiça, o Amor e a Ira de Deus, com quem conversa todas as noites. Ama seu tio, que ficou preso durante 9 anos por ser comunista. E é a última pessoa a falar com ele, antes de ser executado.
Pelos olhos dela, vemos a descoberta do que há de pior no ser humano. Relatos de torturas, de perseguições, de injustiças, traições e preconceitos. Porém, o fato da ótica ser infantil ameniza o impacto. Relatos das pequenas coisas do dia-a-dia vão mostrando uma situação que vai se tornando cada vez mais opressiva e insustentável. Comprar pôsteres, ouvir música, usar tênis, tudo isso são coisas arriscadas, passíveis de prisão.
Num certo ponto você se pergunta por que raios eles não fogem. Por que não buscam asilo político? A resposta vem num diálogo entre os pais de Marji. A mãe levanta a questão de que eles talvez precisem fugir, como boa parte de sua família e de seus amigos. E o pai responde "Para eu ser motorista de táxi e você empregada doméstica? Não.". Faz sentido. É mais fácil fugir quando você não tem nada a perder. A família de Marji tem uma boa situação financeira. E esta possibilita que mandem Marji para estudar na Áustria aos 14 anos, quando sua rebeldia começa a se tornar um risco real.
E então, por um lado alívio pela liberdade. Por outro, as dores da adolescência somadas às da solidão e do exílio. Imaginem o que é ter 14 anos e se ver sem os pais pela primeira vez, em um país estranho, sem falar a língua local e com um abismo cultural separando-a dos demais adolescentes.
Uma coisa interessante é ver a capacidade de adaptação das pessoas a situações limite. Em meio a tantas proibições, ainda assim acha-se espaço para a alegria. Laboratórios caseiros produzem vinho. Na faculdade de belas artes não é permitido o uso de modelos humanos. Solução: a turma se reúne na casa de alguém e, janelas fechadas, um posa para o outro.
Marji consegue viver sua vida com integridade e sendo leal a si mesma, apesar das pressões para ser diferente, para se adequar em nome da segurança. E nesta história toda, é admirável a postura de seus pais. Eles deixam que ela viva com toda a liberdade. Eles permitem que ela faça suas escolhas e corra seus riscos. Eles a incentivam. E, ao mesmo tempo, a protegem.