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quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Breve intervalo

Olas. Entao. Ca estou para chutar as bolas de feno que andam rolando por aqui. E para dizer que preciso de ferias. E que a droga do teclado desconfigurou e nao consigo usar os acentos. E so.


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E no trabalho, no meu trampo sagrado em que ganho a vida com o suor do meu rosto, vou aprendendo que nunca, jamais, em hipotese alguma deve-se duvidar de que as coisas poderiam piorar.

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E por falar em ganhar a vida com o suor do rosto, queria deixar registrado que nunca queimei sutias, nem participei de passeatas feministas, nem exigi igualdade com os seres humanos da raca masculina. Portanto.... quero ser dondoca!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Notre Dame e a beleza

Há aproximadamente 6 anos fui a Paris e estive na catedral de Notre Dame. Um lugar lindo, muito emocionante mesmo para mim que não sou católica.
Tinha lido nos livros de história sobre a arquitetura gótica e sobre como os arcos em forma de ogiva tinham o objetivo de guiar nossos olhos para o céu e, assim, voltar nosso pensamento a Deus. Mas foi só estando lá e vendo os tais arcos para entender o que isto realmente significava. Os olhos são guiados para o céu, o pensamento vai para Deus e a alma..... parece se libertar do chão. Foi um daqueles momentos em que se percebe a importância da beleza. A beleza não como uma coisa superficial, supérflua, mas como algo que eleva o pensamento, limpa a mente e agrega valor à alma.
E que tem mistérios. Pois aproveitamos que estávamos lá e assistimos uma missa. Bem, eu odeio assistir missas. Odeio. Mesmo. Já falei que quando eu morrer não quero missa de 7 dia. Não adianta, porque eu não vou. E, se quiserem que eu ressuscite é só fazer uma missa de corpo presente. Sou capaz de levantar do caixão de desgosto. Só vou a missas quando alguém muito chegado morre e encaro isso como um sacrifício enorme que faço pela memória da pessoa. Porque assistir missa me causa um sofrimento quase físico.
Mas em Notre Dame, achei a missa bonita. Provavelmente porque não estava entendendo patavina do que o padre estava falando. E certamente porque não tinha gente tocando mal violão e cantando música brega com voz esganiçada. Talvez o padre até estivesse falando das atividades do grupo de senhoras. Ou que não era permitido estacionar atrás da igreja. Ou que não era pra comprar santinhos dos moleques da rua. Ou alguma outra pequenez do gênero. Mas, em francês eu não entendia nada e só apreciei a sonoridade das palavras, a cadência suave, e tive a impressão de que se tratava de um assunto elevado, pronunciado na língua dos anjos. Impressão reforçada pela música clássica, tocada em órgão, com leveza e riqueza de notas.
Fiquei, então, pensando se eu ia gostar mais de missas se elas fossem rezadas em latim. E se fosse proibido entrar na igreja portando violão. Provavelmente sim e sim.

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E isso porque ando com fome de beleza. De ver, ouvir e mesmo sentir coisas bonitas. Acordo, vou ao trabalho e volto pra casa. Neste curto, curtíssimo, trajeto vejo ônibus e carros amassados, casas mal-cuidadas, ruas sujas, calçadas quebradas e estreitas e pessoas tristes e preocupadas, ouço buzinas, xingamentos, gritos, acusações. Ligo a TV e vejo o mesmo. O mundo cão, as maldades, as feiúras todas de todos os níveis. Meus olhos estão cansados. Meus ouvidos estão gastos. Vejo coisas bonitas também. Mas parecem ser pequenas ilhas no meio de um oceano de feiúra e sordidez.

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Tenho sentido necessidade de beleza. De ruas arborizadas, com calçadas bem feitas. Casas com gramados bonitos e bem cuidados. Só isso significa tanta coisa. Que o dono da casa se importa com quem passa pela rua e, por isso cuida bem de sua calçada e enfeita seu jardim. Quem passa pela rua se importa com quem mora lá e não suja a rua, não estraga a calçada, não enfeia o jardim. Tão pouco. Tão importante.


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Então beleza tem a ver com gentileza? Penso que sim. E com bondade também. Com generosidade, certamente. Beleza não é fútil. A apreciação da beleza nos conduz a atitudes melhores. E melhores atitudes fazem o mundo mais bonito. Uma espiral crescente, cada vez mais necessária num mundo de resultados, de objetividade, de praticidade. Coisas úteis, sem dúvida. Mas que perdem valor sem a beleza.