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quarta-feira, 21 de julho de 2010

Procuram-se damas

Gosto do Pânico na TV. É um humor esculachado, muitas vezes forçado e apelativo, mas ainda assim, humor. E quebra a depressão do domingo, o que é muita coisa, diga-se. Mas alguns quadros são difíceis de engolir. Como o da tal mulher arroto. Como se não bastasse a avalanche de mulheres-frutas ainda temos que aturar as mulheres-ruídos-corporais. Ninguém merece. Mas às vezes, sinto uma pequena esperança.

Li ontem a notícia de que a mulher arroto foi afastada do Pânico por tempo indeterminado. Motivo: houve uma celeuma quando a tal tentou vitimar a atriz Laura Cardoso. Fiquei intrigada, afinal, o quadro está no ar há bastante tempo e muitas pessoas foram atacadas sem que se esboçasse reação tão intensa. Descobri, então, que Laura Cardoso estava numa tarde de autógrafos num shopping, prestigiando uma colega. Rodeada por jornalistas, foi extremamente gentil e atenciosa com todos, inclusive com a falsa-jornalista-mulher-arroto. Quando os jornalistas de verdade viram que a nulher arroto ia atacar, impediram-na. A mocinha ainda ficou brava, ameaçou chamar a polícia e acabou sendo retirada do recinto por seguranças do shopping.

Os jornalistas disseram que entendiam o humor escrachado do Pânico, mas que julgavam uma mera grosseria arrotar no rosto de uma senhora de 80 anos. Daí, o de sempre. Gente concordando com os jornalistas, gente atacando o Pânico, gente defendendo a mulher-arroto, um monte de gente xingando. E eu achei muito interessante duas coisas: esta não é a primeira vez que a mulher arroto ataca uma senhora de idade (Hebe já foi vítima) e uma palavrinha que ficou pululando lá e cá nos comentários. Dama. "Não se faz isso a uma dama....".

Ou seja, a questão não é a idade e sim a postura de Laura Cardoso. A delicadeza e a gentileza em contraposição a grosseria gratuita. O talento em contraposição à apelação. A simplicidade em contraposição a arrogância. Compreendi que nem tudo está perdido. O ser humano comum ainda é capaz de reconhecer a atitude superior e o refinamento quando os vê. E, quando este reconhecimento ocorre, não é possível ignorá-lo.

Quem dera houvesse mais damas no mundo. Aceitaríamos, então, menos feiúras e menos maldades. O mundo seria menos grosseiro. Será este o grande papel feminino? Inspirar atitudes e transformações, através da delicadeza e da beleza?

Um comentário:

Carla M. disse...

Depois quando eu digo que é preciso manter a dignidade as pessoas não entendem. Uma dama é assim, algo tão digno que tem que ser preservado!

Sim, ainda há esperança no mundo!