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quinta-feira, 20 de maio de 2010

O Medo e eu

Veja o título deste post: o medo vem antes. E em maiúscula. Mas isso não é nada. Pensei inicialmente em "O Medão e euzinha". Porque é bem assim mesmo. O medo parece ser bem maior que eu. Explico.

A primeira vez que percebi a extensão do medo em minha vida e de sua influência em minhas decisões foi quando o Fabio fez um curso de eneagrama e, empolgado se pôs a pesquisar qual o meu tipo. Para quem não conhece, eneagrama é uma forma de autoconhecimento que se baseia nas motivações de cada pessoa, sendo que existem basicamente 9 motivações básicas. Após alguma pesquisa o meu tipo saltou a vista: 6 fóbico, resumidamente uma pessoa motivada pelo medo e que tende a reagir fugindo. Oras, isso não é nada lisonjeiro. Não é assim que quero que me vejam. Então neguei o quanto pude. Até o dia em que fui eu mesma fazer o curso (para saber mais, veja este post).

Daí, após 2 dias e meio de investigação e auto observação fui obrigada a encarar os fatos: sou mesmo um 6 fóbico. E o que me parecia normal e corriqueiro não o são. A saber: conhecer as saídas de emergência, as normas de segurança, como usar os dispositivos de segurança, escolher lugares com base em rotas de fuga, saber onde estão os extintores. É, eu sei. Sem comentários.

Mas, após aceitar que eu sou assim mesmo, as coisas ficam mais fáceis e é até possível se divertir com meus destemperos e neuroses. Conhecendo o mecanismo de sua motivação básica, você pode impedí-lo de se tornar um peso. Exemplo: eu sei onde estão os extintores e as saídas de emergência. Mas se eu percebo que o local em que estou não possui nenhum dos dois, relaxo e curto o passeio mesmo assim. Apesar do tamanho e força do medo, procuro focar na fé e na confiança.

Mas engraçado mesmo é quando topo com meus iguais. Com outras pessoas tomadas, levadas, envolvidas pelo medo. Como hoje. As crianças em casa estão meio resfriadinhas. Nada demais, considerando se o frio que tem feito. Mas como era de se esperar, entrei em pânico.

Liguei de novo para as clínicas particulares em busca da vacina da gripe suína. Nada. A previsão era terem em abril, passou para 15 de maio e agora talvez (TALVEZ) seja semana que vem. Pesquisei a campanha de vacinação para ver se alguém teve o bom senso de incluir as crianças em idade escolar. Nada.

Daí fiz o que qualquer cidadão sensato faria em meu lugar. Xinguei a ANVISA, maldisse o ministério da saúde, a secretaria da saúde, os laboratórios. Sobrou até para as populações indígenas, que receberam a vacina primeiro. Nada contra os índios, pelamordedeus, mas esse limbo étnico que nesse país serve pra justificar de tudo é um absurdo. Se eu fosse índia, trataria de declarar guerra e essa gentalha que suja o nome e a cultura de meu povo. E tenho dito. Mas divago.

O que eu quero dizer é que este tal critério da ANVISA para determinar o alvo da campanha de vacinação da H1N1 pode até ser coerente com o que dizem os profissionais da saúde. Mas eu não sou profissional da saúde. Sou mãe. E, se dependesse das mães, não haveria guerras e as vacinas seriam sempre dadas às crianças primeiro, no matter what.

Então, procurei na internet algum grupo de discussão de mães a respeito da H1N1, pra ver se alguém tinha alguma idéia de como obter a vacina. E me deparei com a seguinte frase: "...porque se a vacina for disponibilizada somente em maio pode ser tarde....". PODE SER TARDE. Minha reação foi rir. Nossa que exagero, que trágica.... hahaha. Até que percebi que lá no fundo da minha mente era exatamente isso que eu estava pensando. Que maio podia ser tarde. Gente do céu.... sou mais doida que eu pensava.

Daí baixou a sanidade de volta ao meu ser. Parei o que estava fazendo, deixei de lado meus planos mirabolantes de invadir um posto de saúde na calada da noite e roubar vacinas (imaginem euzinha, vestida de ninja, descendo do teto pendurada em uma corda, tipo Missão Impossível, pra roubar 2 doses de vacina....).

E estou tentando "ligar" a minha fé, a confiança em que nada de mau acontecerá, que tudo tem remédio e que vacina chegará logo as clínicas particulares.

Mas se você aí souber de algum modo legal de obter vacinas da H1N1, me fala, ok?

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