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domingo, 24 de agosto de 2008

Disney e algumas considerações

Fui a Disney no ano passado. Amei. Mais do que eu imaginava. Achei que a viagem seria para minha filha e que eu e meu marido íamos somente acompanhá-la. No fim das contas, não sei dizer quem curtiu e se emocionou mais.
Tudo tem qualidade. Todos os detalhes foram planejados. Tudo funciona a perfeição.
Adoro viajar, e faço questão de variar sempre os destinos. Mas no caso da Disney, tenho uma enorme vontade de voltar, e muitas vezes.

Ficando
Primeiramente o hotel. Ficamos dentro do resort, no hotel mais baratinho: o Pop Century. Maravilhoso. Perfeito para quem está com crianças pequenas e não quer saber de frescura. No lugar de restaurantes sofisticados, tem uma praça de alimentação, com cinco mini-restaurantes de fast food e uma boa área de self-service.
Os restaurantes me surpreenderam pela presença de opções saudáveis, o que se repetiu dentro dos parques. Para mim, após umas 3 viagens para lá a trabalho, Estados Unidos são sinônimo de praticidade e de comida calórica (deliciosa, tentadora, mas ultra-calórica....). Nos restaurantes haviam, claro, os indefectíveis hambúrguer-fritas-pizza. Mas tinha também umas opções muito boas de salada, massas, comidinha caseira (peito de peru com purê e cenourinhas, por exemplo). O cardápio infantil tinha sempre um prato quente com acompanhamento e 2 opções a escolher entre pudim de chocolate, uvas, gelatina, cookies e palitinhos de cenoura. E dava direito a uma caixinha de leite.
Na área de self service tinha uma grande variedade de frutas frescas cortadas em potinhos, cereais, leites, sanduíches prontos, tudo em porções individuais. Mais prático impossível.
O hotel é limpíssimo, organizadíssimo, bem pensadíssimo. É um monstro de tão enorme, com 3 piscinas grandes e climatizadas e projetado de tal forma que todos os quartos têm vista para alguma opção de lazer ou para o lago. O quarto é pequeno para o padrão americano, mas normal para o padrão brasileiro. Tinha um playground muito bonitinho e um outro, aquático do Pateta.

Ir e vir
Dentro do resort há linhas de ônibus, monotrilhos, barcos para chegar aos parques. Os sistema é extremamente eficiente e pontual. Saíamos dos parques na hora do fechamento, junto de uma verdadeira multidão que se dirigia para o ponto dos ônibus. Eu pensava “vamos pegar uma fila enorme....”. Surpresa: tínhamos que esperar no máximo, pelo próximo ônibus. E isso porque, com a Bebella dormindo no colo e nós caindo de cansaço, queríamos ir sentados. E esperar pelo próximo ônibus significava esperar menos de 10 minutos.
Os ônibus foram todos preparados para atender dignamente portadores de deficiências. E não só os ônibus, mas também os funcionários. Atenciosos sem ser condescendentes.

Parques
São quatro: Magic Kingdom, voltado a fantasia, Epcot Center, uma homenagem ao planeta e à tecnologia, MGM Studios, cuja temática é o cinema e Animal Kingdom, voltado à natureza e ao mundo animal.
Os parques são todos maravilhosos. Os shows de encerramento são todos um desbunde. Tudo segue o tema do parque nos mínimos detalhes. Tudo brilha de tão limpo. As filas funcionam, o fast pass funciona, os agendamentos funcionam. Quase não se vê funcionários circulando. Nada que o remeta de volta a feia realidade. Lá tudo é sonho e fantasia. Fuga da realidade? Pode ser. Mas era justamente o que eu estava precisando nas férias.
Os shows são todos pontuais e absurdamente caprichados. O figurino é impecável, as fantasias parecem ter sido feitas ontem.
Não se vê personagens perambulando de lá pra cá. Quando você vê algum personagem ele está sempre acompanhado por algum funcionário e está se dirigindo até o local de autógrafos. Depois dos autógrafos, ele se despede e.... a impressão é que eles somem numa nuvem de fumaça ninja. Mágica.

Planejamento, preparação, execução

Li um livro sobre a Disney na faculdade. A matéria era administração e o livro “Nos Bastidores da Disney”. Comecei a ler de má vontade, como sempre acontece quando leio por obrigação. Sou rebelde. Mas fui pega na segunda página e não consegui largar mais o livro, como raramente acontece quando leio por obrigação. O livro quebrou minha rebeldia, quem diria?
O livro fala sobre o detalhismo e o culto à perfeição que guiam os parques da Disney e que lições eles representam para o mundo dos negócios. Afinal, se alguém consegue administrar e fazer funcionar com tal perfeição um parque, que tal aplicar estes conceitos para administrar um hospital? Ou uma escola? Ou um país?
Duas passagens foram especialmente memoráveis. O sujeito que apresenta a Disney para um grupo de administradores pergunta: qual é o concorrente da Disney? Eles respondem prontamente: os outros parques dos Estados Unidos. Não, errado. Todos os parques do mundo? Não. Todos os empreendimentos de lazer? Não. Cinema, televisão, teatro? Não. Resposta certa: toda e qualquer empresa de todo e qualquer setor ou país com o qual o seu cliente possa eventualmente te comparar. E não é? Sem perceber, eu comparo o SAC de uma empresa com o telemarketing de outra. Eu comparo o atendimento do garçom com o da vendedora de sapatos. Eu comparo a pontualidade do técnico da TV a cabo com o do corretor que vende meu apartamento. A cabeça do cliente funciona assim e uma empresa de sucesso se prepara para ser comparada com todas as outras e superá-las.
Outra passagem é quando o sujeito explica que os funcionários são todos treinados para entender o cliente. Óbvio, não? Mas ele ilustra a idéia com um fato que ultrapassou o óbvio. Um senhor perguntou a um funcionário a que horas começaria a parada das 3:00. Pergunta besta. O que você responderia? Pois o funcionário conseguiu perceber o que o cliente queria saber de verdade e não havia conseguido perguntar. Ele respondeu: “começa pontualmente, porém, para conseguir bons lugares é preciso chegar 40 minutos antes”. Genial. Qual foi a última vez em que você, como cliente, foi tratado assim, com presteza e boa vontade?

E por que isso hoje?
É que acabei de voltar do Princesas on Ice, no Ginásio do Ibirapuera. Fui achando que ia ser um showzinho e só. E foi um desbunde ao estilo Disney. Começou pontualmente as 11:00. Eu tenho este lance com pontualidade que não deixa de ser um certo ranço nipônico, algo do qual normalmente não gosto. Mas o fato é que, eventos para crianças precisam ser pontuais. Discorda? Pois tente manter uma criança ansiosa de 4 anos sentadinha numa cadeira por 15 minutos. Então.
Tudo tão lindo e perfeito que deu vontade de chorar. Tudo bem que eu choro até com comercial de sabão em pó, mas mesmo assim. Figurino lindo, detalhado, perfeito. Ganchos interessantes, detalhes importantes e difíceis sendo resolvidos com criatividade e inteligência. Lindo, lindo, lindo.

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